Finalmente, a terceira e última parte da série Fundação. Se em Fundação e Fundação e Império eu já havia mudado a minha opinião a respeito de Asimov, nessa terceira ele definitivamente entrou para o grupo dos autores que eu gosto, gêneros literários deixados de lado.

Para quem não leu os dois primeiros ou leu e não se lembra, uma breve recapitulação: milhares de anos no futuro, a humanidade espalhou-se pela galáxia, que tornou-se um gigantesco Império que parecia eterno. Porém, um homem chamado Harry Seldon desenvolveu uma ciência chamada psico-história, em que extrapola as ideias sobre a história ser cíclica, conjugando psicologia e matemática para prever os acontecimentos.

Acontece que Seldon previu a decadência da humanidade, que duraria mais ou menos 10 mil anos, e elaborou um plano para diminuí-la a mil anos. Para tal, criou uma instituição que batizou de A Fundação, que teoricamente serviria para resguardar todo o conhecimento técnico-científico do ser humano. Exceto a psico-história.

No primeiro livro Asimov conta a história de Seldon, o fim do Império e os primeiros passos da Fundação, que chega a controlar vastos territórios galácticos por meio do comércio. No segundo volume a Fundação enfrenta dois inimigos poderosos: o que sobrou do Império Galáctico e o mutante conhecido como “o Mulo”.

E assim chegamos em A Segunda Fundação, terceira e última parte da trilogia. Com seus poderes mutantes o Mulo derrota a Fundação – ele não estava previsto nas equações de Seldon – e passa a reinar como um déspota. Assume para si o título de Primeiro Cidadão e governa com mão-de-ferro. E, enquanto isso, busca a lendária Segunda Fundação. Os membros da Fundação a buscam com a esperança de que ela os salvará, o Mulo com receio de que ela possa derrotá-lo.

A segunda parte do livro se passa anos depois da morte do Mulo, e alterna dois pontos de vista diferentes durante a narrativa: ora acompanhamos Arkady, uma garota de 14 anos com uma visão um tanto quanto romântica da vida e que se mete nos planos de seu pai para descobrir e desmantelar a Segunda Fundação, ora estamos com alguns membros da Segunda Fundação, discutindo os detalhes mais sutis da psico-história.

Essa alternância de pontos de vista ocasiona uma alternância de tom: nas partes de Arkady a aventura e a conspiração pairam no ar, e alterna-se entre a empolgação e a desconfiança o tempo todo. Já nas partes da Segunda Fundação, o tom é um academicismo ressentido. O resultado é que o leitor é quase que inevitavelmente dirigido a dividir sua lealdade entre os dois pólos da narrativa.

O livro termina com muitas coisas no ar, sem um desfecho definitivo. Se fosse colocado em um gráfico, porém, certamente terminaria em um dos pontos mais altos – de modo que, mesmo que o final um tanto incerto não me seja incômodo, eu gostaria que a história fosse além: assim eu poderia continuar a acompanhar os feitos dos homens da Fundação.

A Fundação: Segunda Fundação

de Isaac Asimov;

tradução de Marcelo Barbão.

240 páginas.

R$ 39,00.

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