Em 2010 o diretor e roteirista David O. Russell nos trouxe o intenso O Vencedor, que merecidamente deu a Christian-Batman-Bale o Oscar de coadjuvante por seu agitado e viciado personagem. Naquele ano, decidi que acompanharia o trabalho de Russell mais de perto, impactado por seu talento e qualidade da obra.
Antes de O Vencedor, Russell era conhecido por filmes menores como Procurando Encrenca (1996) e Huckabees (2004) e seu primeiro passo de destaque fora com Três Reis (1999). Agora, o diretor nos apresenta O Lado Bom da Vida, com Bradley Cooper e Jennifer Lawrence (ambos indicados ao Oscar por seus papéis), que vem se tornando o filme queridinho da imprensa e dos críticos norte-americanos.
Quem acompanha premiações de Cinema há algum tempo sabe: sempre surge um azarão correndo por fora e que eventualmente pode ganhar destaque nas ultimas voltas e talvez arrematar alguns prêmios importantes. Certamente o azarão deste ano é O Lado Bom…, mas falar de mérito aqui é um problema.
Em seu novo filme, Russell conta uma história sobre dois desequilibrados mentais que aos trancos e barrancos tentam seguir a vida. O diretor tem um filho com transtorno de personalidade – que tem uma ponta no filme como um vizinho chato sempre a importunar a turbulenta família Pat – e por isso, para ele essa trama tornou algo muito pessoal. Ainda assim, é difícil não perceber as irregularidades da história, que várias vezes descamba para o humor fácil, discussões histriônicas ou sentimentalismo cansativo.
Baseado no livro de Matthew Quick, há quem diga que o filme consegue superar a literatura – e isso me causa medo e faz passar bem longe dele nas livrarias. Curioso é notar que O Lado Bom… vem ganhando destaque e honras maiores do que as recebidas por O Vencedor, um filme inegavelmente superior.
Com Robert De Niro como o pai do protagonista e portador de TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), uma das cenas mais interessantes é quando seu personagem derrama meia dúzia de lágrimas. Ver o eterno touro indomável chorando é, sem dúvida, impactante, mas menos do que o suficiente para lhe dar um Oscar de coadjuvante ou para sustentar a qualidade de um filme inteiro. Engraçado que, ao comentar a cena do choro num talk-show vespertino americano, o ator novamente não se controlou e chorou diante de uma plateia incrédula, dos atores e do diretor do longa. É, parece que o coração do mafioso-boxeador-motorista-de-táxi-e-franco-atirador ficou bem mais macio depois de certa idade.
Jennifer Lawrence, muito competente e ainda mais linda com cabelos pretos, tem sido cotada como favorita ao prêmio de melhor atriz da Academia, e não acho outra palavra para comentar isso a não ser: exagero. Bradley Cooper trabalha bem e a indicação ao Oscar já lhe serve como prêmio mais do que suficiente.
Sei que soou um tanto ranzinza, mas isso só vem da decepção com um diretor que me parece tão promissor e capaz, e que recentemente coroou sua sequência de bolas-fora fazendo uma careta terrível quando Emmanuelle Riva ganhou o BAFTA de melhor atriz por sua incrível Anne, em Amour, de Michael Haneke – fico imaginando a cara que ele fará se Riva ganhar o Oscar.
O Labo Bom da Vida não me cativou, nem emocionou, exceto por dois ou três momentos bons, mas nem um pouco inovadores. Ainda assim, como eu sempre digo: críticos não sabem de nada, e vale sim a pena comprar o ingresso e tirar suas próprias conclusões. Quem sabe esse seja um novo clássico contemporâneo extremamente mal interpretado por esse rabugento que vos escreve? (Acho difícil).
Quem fez ” Don Michael Corleone” foi o Al Pacino não o De Niro…
Abraços
André, em O Poderoso Chefão Parte II, Robert DeNiro faz Don (Vito) Corleone na infância. Ele, inclusive, ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.
É isso aí, Pips, mas não na infância e sim na juventude.
Lembremos que uma criança excelente faz Don Vito na infância, ainda chamado de Vito Andolini, chegando em New York de navio e cantando uma música adorável.
O ator chama-se Oreste Baldini, e o vídeo épico está aqui: http://www.youtube.com/watch?v=4CycdXpV2mo
“Baseado no livro de Matthew Quick, há quem diga que o filme consegue superar a literatura – e isso me causa medo e faz passar bem longe dele nas livrarias.”
Eu sinceramente não sei quem lhe disse isso, mas, na minha opinião, não é verdade MESMO! O livro, ao contrário do filme, é capaz de emocionar muitas vezes, e tem uma história muito mais coerente. Realmente me surpreendeu ler aqui que Matthew Quick foi um dos roteiristas, pois a história é tão diferente no filme que, ao meu ver, ficou meio sem pé nem cabeça. Eu me retorci dentro do cinema, pois achei o filme horrível, um insulto.
Acho que rolou uma tentativa de fazer uma comédia romântica; engraçadinha, e com um final feliz. Talvez para fazer sucesso na bilheteria e/ou no Oscar, já que os americanos adoram filmes nesse gênero. Mas eles, com certeza, erraram na mão.
De qualquer forma, eu recomendo a todos a lerem o livro, pois se trata de uma história bonita, com uma narrativa encantadora e um protagonista cativante. E o final literário, eu garanto, é bem melhor. Não é o melhor livro que já li, mas é ótimo. Quanto ao filme, totalmente decepcionante.
Obrigado por dar esse ponto de vista, especialmente tendo lido o livro.
Partilho toda a decepção com o filme – e agora também a indignação com os prêmios recebidos.
Quanto ao livo, agora você me deixou com vontade de lê-lo, acho que não vou mais passar longe dele nas livrarias.. rsrs
Abraços!
Eu gostei do filme mas achei 8 indicacoes ao oscar um tremendo exagero. Sem falar da injustica que foi dar o oscar de melhor atriz para Jennifer Lawrence. Ela atuou bem mas considerei um papel muito fraco para se ganhar um oscar, ainda mais quando as concorrentes dela tiveram atuacoes memoraveis como Emanuelle Riva que, na minha opiniao, deveria ter sido a ganhadora. Mas fazer o que, ne? Jennifer Lawrence é a nova queridinha de hollywood e a academia sempre favorece os seus protegidos.
Exato, esse foi um premio com cheiro de aposta. A Academia premiou a nova queridinha, que e nova, certamente talentosa, mas realmente nao merecia, porque precisa elevar seus rostos novos para manter seus filmes vivos. Esse e o sistema.
Obrigado pelo comentario….
Li o livro antes de ver o filme, mas sei que ao sair de um meio mais detalhado que é o livro pode haver mudanças na cinematografia. Mas logo no início do filme já senti um enorme arrependimento, preferia ter apenas lido, a adaptação ficou muito vazia e insensata todo o mistério que o livro envolvia sobre a separação de Pat, já foi logo descoberta, deixando o único sentido do filme ser a conquista que ele queria tanto.
Nao gostei muito este filme, mas o elenco fez um bom trbalho. Gostei assistir aí o Robert De Niro. Também o vi em Mãos de Pedra , é uma história brilhante.Sinceramente os filmes de ação não são o meu gênero preferido, mas devo reconhecer que Mãos de Pedra superou minhas expectativas. Adorei está história, por que além das cenas cheias de ação extrema e efeitos especiais, realmente teve um roteiro decente.