Nunca me interessei pela Coreia do Norte. Enquanto ser humano ou estudante de Relações Internacionais, sempre relevei a sua existência. Via-os como os asiáticos mais apáticos do sistema, isolados na sua “insignificância”. Quando aquele gordinho mimado (Kim Jong-un, né?) aparecia no noticiário, então, mudava de canal, de website. Me dava até um bode …”cara chato”, murmurava, na cumplicidade do meu tão estimado intelecto.

Essa semana, exercendo o ócio de todo dia no Facebook, consegui eliminar (diminuir, pelo menos) essa arrogância. Me rendi às notícias e todas as wikipédias sobre o assunto. (Sim, eu acesso e gosto da Wikipédia. Você também, não me venha com xurumelas). O que despertou esse afã para saber mais sobre o povo norte-coreano? A chamada “Jovens brasileiros disseminam apoio à Coreia do Norte”, da Carta Capital de 28 de março.

Pelo o que eu entendi um grupo de brasileiros muito curioso criou o blog de Soliedariedade à Coreia Popular para divulgar a cultura e história do lugar através de uma ótica não deturpada – como a da imprensa marrom. Lá eles discutem a precariedade da mídia “mainstream”, criticam o imperialismo americano, entrevistam representantes de vários partidos comunistas… nada muito surpreendente.  O que achei legal, mesmo, foi o anúncio de venda do livro “Kim Il-sung – Memórias no transcurso do século” (volume I), a R$ 60.

Kim il-sung, pra quem não sabe, é o Presidente Eterno da Coreia do Norte. Sim, eterno. Ele foi promovido ao cargo que, segundo a Wikipédia, “aparece apenas no prefácio, e não no texto funcional da Constituição e não está associado com qualquer organização governamental com responsabilidades específicas, poderes, privilégios, etc”. Que bom, né? Afinal, o homem morreu em 94.

Depois dessa fiquei pensando que esses norte-coreanos têm, no mínimo, um inconsciente coletivo peculiar. Dizem até que eles comem cachorro.

Preconceitos e estereótipos à parte, posso dizer que essa história de Coreia do Norte me pegou. Principalmente depois que eu descobri que ali reside um líder que, segundo a Jovem Pan, dorme com um Mickey Mouse de pelúcia (acho que é gozação) e ameaça os Estados Unidos com mísseis sem medo de retaliação. Esse lugar pode não ser levado a sério, mas merece um minuto da sua atenção, caro leitor.

E, digo mais, alguns minutos. Horas. A história da Coreia do Norte é surpreendente. Pelo pouco que li, nos últimos dias, aprendi que o país viveu por muito tempo ocupado por russos, americanos, japoneses, chineses (imagine a amálgama cultural!) e, quando independente, se nutriu – e desnutriu bastante, também – praticamente sozinho.

Apesar do noticiário das últimas semanas, não acho que uma guerra vá acontecer. Não acredito que eles possuam as armas que dizem ter. Aliás, qualquer estudante de política sabe que, na realidade, esse blefe norte-coreano se chama “dissuasão”. Esse tipo de jogo é comum entre países que se sentem ameaçados e, por isso, ameaçam de volta. Muitos já fizeram o mesmo e não ilustraram tantas capas de jornais. Me parece que o medo do desconhecido aterroriza a grande imprensa. Ou, pelo menos, é nisso que eu prefiro acreditar…