Tenho tido uma overdose. Calma, de trabalho. Quando você resolve fazer da sua vida o que você sempre sonhou, acaba caindo num poço de responsabilidades sem fim. E se o que você sempre sonhou envolve produção de eventos, prepare-se para não dormir, comer, ler um bom livro, caminhar no parque ou – contraditório ou não – parar para ouvir música. A partir de agora, meu bem, você cuida para que tudo saia certo… Na vida alheia.

Mas é claro que existe o lado bom. E quando digo isso, não me refiro apenas à consumação que ganho nos lugares (beber de graça não faz mal a ninguém). Existe aquele momento em que toda a burocracia passou, em que seu cronograma foi cumprido, os músicos estão devidamente colocados no palco e, de repente, a música começa. Ali termina seu trabalho e começa a magia.

Cheguei ao ponto da overdose. Overdose de Phill Veras. Tenho respirado Phill Veras nos últimos dias e descobri que é um vício (aliás, ele também tem os vícios dele, como você pode ver/ ouvir clicando aqui.)

Ele é um menino. Tem só 21 anos, mas compõe desde os 14, influenciado principalmente por Cazuza, Caetano e Chico. Com cabelos para cima, óculos gigante e uma timidez cheia de carisma, veio do Maranhão para fazer show com ingressos esgotados no SESC Vila Mariana, na última semana.  Também foi pauta da Veja SP, da MTV e mais um batalhão de veículos por aí. Mas o mais legal de tudo isso é que ele simplesmente não parou para pensar em nada disso, só seguiu fazendo música.

O primeiro trabalho, com cinco faixas e intitulado “Valsa e Vapor,” foi lançado com exclusividade pelo Musicoteca, no começo do ano, mas já não tem mais nenhum disco físico para vender. Acabou. E parece que as pessoas têm mesmo ouvido, porque o coro que se forma na hora do show é algo lindo, inacreditável e sincero. É música sendo feita com honestidade.

O Phill está agora se preparando para o lançamento do disco, que deve acontecer no fim de junho. Mas ele não para nunca de compor. Tem coisa nova chegando o tempo todo, uma mais linda que a outra, rodando nas imagens da câmera que tem aqui em casa. A vontade é postar tudo aqui e dividir essa sensação bizarra com vocês. Mas não posso. Ao mesmo tempo, seria egoísmo de minha parte não contar quem é esse cara. Daí a necessidade em escrever.

O som me influenciou de tal forma que me vi obrigada a vomitar palavras. Recentemente, a jornalista Izadora Pimenta idealizou um trabalho lindão, onde reuniu diferentes pessoas para que pudessem escolher uma música e escrever um conto baseado nela (clique aqui e veja). De minha parte, Phill foi o escolhido com a faixa “Velho John Dizia”. Por que a escolha? É só clicar para entender.

Agora que a saga dos shows terminou (pelo menos nas próximas duas semanas), vou dar aquela descansada para ouvir mais coisas novas e mostrar aqui para vocês. Mas, enquanto isso, vomitem arco-íris com esse som incrível que é o que Phill Veras faz.