A. é estudante de economia e seu lugar favorito é o bar do W.. Ele pode assistir aos jogos do seu time do coração na mesma mesa e com os mesmos amigos, pedindo a mesma cerveja, a mesma cachaça e, no intervalo, uma porção de amendoim (sem casca, por favor);

G. é funcionário público e adora sentar nos pufs da Livraria Cultura (do Conjunto Nacional na Av. Paulista da Pauliceia Desvairada) para ler livros que, talvez, não vá comprar – e não compra mesmo. G. terminou romances em uma sentada, os dos livros, por lá. Na vida, “Estão muito bem, obrigado”, diz ele com sotaque mineiro;

T.M. gosta de ficar em casa, porque é onde seus gatos estão;

O casal R. e C. quer mudar-se para os EUA e considera Connecticut um dos seus lugares prediletos no mundo inteiro;

N., filho de R., acabou de entrar na faculdade, quer ir para o Canadá – quer ser do contra porque adolescência foi estendida até os 29 anos (e no caso dele, possivelmente até os 35). Contudo, seu local de escolha atual é o banheiro da casa;

I. veio de Pindamonhangaba para São Paulo Capital, fazer faculdade. Ela confidencia que seu lugar favorito é o pesqueiro da serra da cidade natal, onde teve a primeira pescaria com o pai;

Uma das B’s gosta da liberdade que um parque, qualquer um, pode proporcionar. A outra B. afirma que o colo do pai é pra onde ela sempre volta quando está bem ou mal: “É confortável e quentinho”;

D. se diz altruísta e divide seu lugar favorito com os outros e, sempre que pode, manda todos para lá – a casa do caralho;

G.M. e T.O. poderiam ser um casal. Os dois gostam de livros, gostam de escritores, de fofocas, piadas infames e de gatos. Ambos partilham a atração pelo sexo masculino. O lugar favorito deles, por enquanto, é São Paulo-São Paulo, cidade para onde querem mudar o mais rápido possível;

Não é apenas P. que vive em uma galáxia distante, ou dimensão paralela, e acredita que seu conforto está nas saudades das pessoas com quem perdeu contato, M., N., O. e Z. defendem essa crença;

Para E., o lugar favorito não é um espaço, mas um tempo. 2005. Época na qual, ao encarar o espelho, não ficava face a face com a morte iminente chamada câncer no pâncreas. Via apenas a cara inchada da bebedeira da noite anterior, ante-anterior e de todos os dias da sua vida. Mas ele é otimista e diz que em breve conseguirá um lugar favorito novo, e também numeral: sete palmos abaixo do chão;

Existe o menino-prodígio A., cujo apelido é T., e adora falar em alto e bom som: “Meu lugar predileto são todos vocês”.