Meu primeiro texto para o Meia Palavra foi sobre “Começar a ler” e todos aqueles clichês que envolvem a repulsa às páginas de um romance, um conto, uma novela, etc. Há pouco tempo notei que não sou um escritor assíduo – escrevo bastante, mas não para seguir como um ofício. Entretanto, é bem curioso que existem traços de quando escrevo muito e quando não escrevo. Surge com os convívios do dia a dia e as histórias do cotidiano (mesmo ordinário) e seguem por situações atípicas – tudo isso misturado e muitas vezes separado, mas que conversam entre si. Robert McKee ((É professor de escrita criativa. Seu livro Story: Substance, Structure, Style and The Principles of Screenwriting é referência para quem quer escrever roteiros e peças)) fala que acontecem muitas coisas no mundo para serem ignoradas pelos escritores.

Ouço muito – e quando digo muito, quero dizer muito mesmo – que para escrever bem deve-se, em primeira instância, ler bastante. Quando lemos com frequência, conseguimos evitar erros de português berrantes e conseguimos criar ou ao menos chegar perto de um estilo de escrita – seja inovadora ou apenas cativante . Dessa forma, conseguimos uma inspiração.

Aliando a leitura com a vontade de escrever, podemos mergulhar em nossos próprios textos e devemos escrever, errar, corrigir, ou seja, ser crítico com seus textos e com sua criação: matar personagens, dar voz a um coadjuvante, remodelar a história, reconstruir e destruir o universo das palavras – elas são as armas, os escudos, as sombras e os fantasmas e também fugitivas e provocadoras. Por isso revisar (ou seria ler com atenção?) e destruir são ferramentas importantes para aqueles que almejam escrever, não importando a plataforma ou mídia.

A criatividade entra em segundo plano, afinal, muitas pessoas podem e conseguem ser criativas e não chegam nem perto de bons sintetizadores na hora de encarar uma caneta ou um teclado de computador. Deve-se sim respeitar todo alento criativo que apareça, anotar para não esquecer, mas essa não é a base – que fica por conta da arquitetura do seu texto.

Dois detalhes importantes são: quando escrever e onde? Muitas pessoas se imaginam numa casa de campo, isolada do mundo e de interferencia. Eu não consigo me imaginar naquele lugar bucólico para escrever, tenho que ter barulho, conversas e intervenções – direta ou indiretamente. A disciplina da escrita não é uma regra a ser seguida de momento, é preciso estar a vontade quando as primeiras palavras surgem dos dedos ágeis.

Escrever e reescrever. Muitas vezes falamos e esquecemos de guardar, e o que é a escrita senão lembranças forjadas a partir das fragmentadas? Escrever são contrastes, batalhas de vozes dentro do escritor, quando descobrir qual a voz que guia seu texto, tudo ficará mais natural – nunca fácil. Lembre-se: escrever é tese e antítese.

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