Em 25 de maio de 2001, ano de morte do escritor Douglas Adams, foi comemorado o primeiro Dia da Toalha. O evento foi criado como uma forma de homenagear o autor, que faleceu no dia 11 de maio daquele ano (é, rolou uma demorinha pra homenagem). Mas o que importa é que desde então dez anos se passaram e chegamos novamente ao momento de tirar e exibir a melhor toalha dos nossos armários. O Meia Palavra não poderia ficar deixar a data passar sem nenhum tipo de lembrança. Então, está feito o convite para leitura desse artigo se você é fã da série do “Guia do Mochileiro das Galáxias” ou é curioso, ou talvez simplesmente queira entender o motivo para algumas pessoas estarem agindo de forma atípica na data de hoje. Esse texto tem a “modesta” pretensão de ser o seu Guia de hoje. Pra começar, por que uma toalha?

“A toalha é um dos objetos mais úteis para um mochileiro interestelar. Em parte devido a seu valor prático: Você pode usar a toalha como agasalho quando atravessar as frias luas de Beta de Jagla; pode deitar-se sobre ela nas reluzentes praias de areia marmórea de Santragino V, respirando os inebriantes vapores marítimos; você pode dormir debaixo dela sob as estrelas que brilham avermelhadas no mundo desértico de Kakrafoon; (…) E naturalmente pode usá-la para enxugar-se com ela se ainda estiver razoavelmente limpa.”

Além disso, a toalha tem um valor psicológico:

“o estrito [não-mochileiro] terá prazer em emprestar ao mochileiro qualquer objeto, ou muitos outros, que o mochileiro por acaso tenha “acidentalmente perdido”. O que o estrito vai pensar é que, se um sujeito é capaz de rodar por toda a Galáxia, acampar, pedir carona, lutar contra terríveis obstáculos, dar a volta por cima e ainda assim saber onde está sua toalha, esse sujeito claramente merece respeito.”

Os trechos acima foram retirados do início do primeiro livro, O Guia do Mochileiro das Galáxias, que deu nome à “trilogia de quarto livros mais um” de Douglas Adams em sua incessante busca para compreender os mistérios da Vida, do Universo e Tudo Mais. Como dito, o objeto básico para se viajar pelo Universo é uma toalha e por isso a homenagem ao autor logo tomou essa forma felpuda, quentinha e confortável.

Próxima pergunta: 42?

42 é a resposta para a vida, o universo e tudo o mais. É uma das coisas básicas que você aprende lendo o Guia.
Você sempre pode ir até o Google e checar essa informação, digitando a frase “the answer to life, the universe, and everything”

Por que Douglas Adams?

Isso não tem uma resposta tão precisa quanto “42” e por isso é preciso fazer um apanhado geral da sua obra para então tentar levantar alguns pontos.

Acho que uma das primeiras coisas que atraem os fãs do Guia, é o humor corrosivo que é usado em todas as narrativas, sendo um marco do autor. Douglas Adams traça uma crítica a nossa sociedade e ao ser humano usando personagens dos mais bizarros planetas, em diferentes tempos. A uma primeira vista é difícil pensar em uma familiarização com essas criaturas, mas isso acontece.

Por exemplo, no primeiro livro, Arthur Dent, personagem principal da trilogia, tem sua casa demolida para dar espaço a uma rodovia. Coincidentemente, o planeta Terra passará por uma mesma situação. Somos assim levados a mudar as proporções dos nossos problemas do cotidiano para um nível acima, mas a crítica e sátira continuam presente da mesma maneira, pelas situações que os indivíduos passarão a enfrentar.

Aliás, cada personagem desenvolvido por Douglas Adams trás um tipo de reflexão para a narrativa. Peguemos, por exemplo, o núcleo principal das aventuras, formado por Arthur Dent, Ford Prefect, Trillian, Marvin e Zaphod Beeblebrox.

Arthur é o típico ser humano que quer resolver seus problemas pessoas e, de repente, é posto  em um novo ambiente cheio de descobertas, configurando uma espécie de anti-herói. Já Trillian é a aventureira, destemida, e tem uma personalidade bastante oposta de Arthur, no entanto, eles são os únicos humanos na aventura e se aproximam pelas diferenças. Ford Prefect é um antropólogo com espírito aventureiro, bom sujeito, que conhece bastante do universo, mas mesmo assim não escapa de encrencas.

Marvin e Beeblebrox são os mais diferentes e que já abrem espaço para mais sátiras do autor. Marvin  é um robô maníaco-depressivo, graças a um chip de Personalidade Genuinamente Humana. Os comentários cínicos e “bom humor” do Andróide Paranóide são hilariantes.  Beeblebrox é o perfeito exemplo de político inconsequente.

Não só os personagens, mas cada um dos livros caminha para uma diferente questão. Cada um dos volumes é um apanhado de humor e pensamento sobre diversos outros temas. O que eu mais gosto de citar é  A Vida o Universo e Tudo  Mais, terceiro volume da série, que narra o terrível povo de Krikkit, ex-agricultores pacíficos que um dia descobriram não estarem sozinhos no Universo e então decidiram destruir tudo que não era semelhante a eles. Parece familiar? É essa a sensação que você tem ao ler Douglas Adams e é isso o que o torna tão especial para mim. Foi um dos primeiros livros que realmente me fez rir. Na minha opinião, é a mistura ideal de humor, ficção científica espaço para reflexão.

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