Acho que, depois dessa semana – em que houve praticamente um intensivo de James Joyce aqui no Meia Palavra – qualquer apresentação a respeito do autor seria desnecessária. Falou-se de praticamente tudo: Dublinenses, Um retrato do artista quando jovem, Ulysses, Finnegans Wake, Música de câmara e até o Pomes Penyeach. Faltou apenas sua única obra para o teatro, Exilados.

Mas para o último post do especial eu resolvi ir por um outro lado. Deixar pra lá o autor Joyce, essa criatura mítica e quase intocável, para focar no James Joyce humano: criatura de carne osso, que sentia dor, fome, frio, medo, alegria e, entre essas e outras coisas, tesão. Quero mostrar que, apesar de tudo, Joyce era gente como a gente e fazia coisas que todo mundo faz – mas ou menos, nem todo mundo é tão livre de tabus quanto ele parecia ser. Para isso eu escolhi e traduzi duas das cartas que ele enviou para sua então companheira (futuramente esposa) Nora Barnacle.

(Não recomendado para menores de 18 anos).

Para NORA

Dublin, 2 de dezembro de 1909.

O meu amor por você me permite enaltecer o espírito da beleza eterna e da ternura que se refletem nos teus olhos ou te jogar debaixo de mim, sobre essa tua barriga macia e te foder por trás, como um porco montando uma porca, admirando-se com o fedor e o suor do seu rabo, admirando-se com a forma aberta do seu vestido levantado e suas calcinhas infantis e na confusão das suas bochechas vermelhas e seu cabelo emaranhado. Ele me permite desabar em lágrimas de pena e amor por qualquer palavra boba, me permite tremer de amor por você ao som de algum acorde ou à cadência da música, ou deitar com você, pés com cabeça, e sentir seus dedos macios acariciando e fazendo cócegas nas minhas bolas ou enfiados em mim por trás, e seus lábios quentes chupando meu pau enquanto a minha cabeça está entalada entre tuas coxas gordas, minhas mãos apertando as almofadas redondas das tuas nádegas e minha língua lambendo faminta a sua boceta vermelho-vivo. Eu te ensinei quase a grunhir ao ouvir minha voz cantando ou murmurando a paixão e a mágoa e o mistério da vida para a sua alma, e ao mesmo tempo te ensinei a fazer sinais obscenos com seus lábios e língua, a me provocar com toques e barulhos indecentes e até mesmo a fazer, em minha presença, o mais vergonhoso e imundo ato do corpo. Você se lembra do dia em que você tirou suas roupas e me deixou deitar debaixo de você, olhando pra cima, enquanto você o fazia? Depois você tinha vergonha até de me olhar nos olhos.

Você é minha, querida, minha! Eu te amo! Tudo o que eu escrevi ali em cima, é só um ou dois momentos de loucura brutal. A última gota da semente mal foi esguichada na sua boceta e, antes que acabe e o amor verdadeiro que tenho por você, o amor dos meus versos, o amor dos meus versos, o amor dos meus olhos pelos seus estranhos e sedutores olhos, sopra por sobre minha alma como um vento carregado com o cheiro de especiarias. Meu pau ainda está quente e duro e tremendo do último esforço brutal que ele lhe impôs quando um hino pálido é ouvido saindo em calorosa e piedosa adoração desde os meandros escuros do meu coração.

Nora, minha querida e adorada, minha colegial de doces olhos e boca suja, seja minha puta, minha senhora, tanto quanto você quiser (minha pequena e fodida senhora! Minha maldita putinha!) você é sempre minha, minha bela flor selvagem das sebes, minha flor azul escura, encharcada de chuva.

JIM

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Para NORA

Dublin, 8 de dezembro de 1909.

Nora, minha doce putinha, eu fiz como você mandou, sua garotinha safada, e bati duas punhetas enquanto lia a sua carta. Eu fico feliz de ver que você gosta de ser fodida no cu. Sim, agora eu me lembro daquela noite em que eu te comi por trás por um tempão. Foi a trepada mais suja que eu já te dei, querida. Meu pinto ficou enfiado em você por horas, entrando e saindo, fodendo seu traseiro arrebitado. Eu senti suas nádegas gordas e suadas sob a minha barriga, vi seu rosto em chamas e seus olhos loucos. A cada vez que eu te fodia a sua língua desavergonhada saía por entre os teus lábios e, se eu desse uma metida mais forte do que o habitual, peidos gordos e sujos saiam do seu traseiro. Você tinha uma bunda cheia de peidos aquela noite, e eu os fodi, camaradas gordões, uns longos e cheios de ar, pequenos estouros alegres e um monte de minúsculo pequeninos peidicos, e termina em um longo jorro do seu buraco. É maravilhoso comer uma mulher peidorreira, quando cada estocada arranca um peido de dentro dela. Acho que eu reconheceria um peido da Nora em qualquer lugar. Eu acho que eu saberia qual é o dela numa sala cheia de mulheres peidando. É um barulhinho bem feminino, nem um pouco parecido com o peidão molhado que eu espero das esposas gordas. É súbito e seco e sujo como o que uma garota ousada soltaria por diversão, de noite, no dormitório de uma escola. Eu espero que Nora não se prive de peidar na minha cara, para que eu também possa conhecê-los pelo cheiro.

Você diz que quando eu voltar você vai me chupar e que quer que eu chupe sua boceta, sua boca suja pervertida. Eu espero que você me surpreenda qualquer hora, quando eu estiver dormindo, vestido, você se esgueire até mim com um brilho de vadia em seus olhos sonolentos, gentilmente abra a minha braguilha, botão a botão e, gentilmente, pegue a piroca (Mickey?) roliça do seu amante e a acomode na sua boca úmida e chupe até que ele fique maior e mais duro e goze na sua boca. Às vezes eu também poderei te surpreender no sono, erguer suas saias e abrir suas gavetas com gentileza, e então me deitarei do seu lado e gentilmente começarei a lamber loucamente ao redor da sua moita. Você vai começar a se mexer inquieta, e então eu vou lamber os lábios da vagina do meu amor. Você vai começar a ganir e gemer e sorrir e peidar de desejo no sono. Então eu vou lamber cada vez mais e mais rápido, como um cachorro faminto, até que a sua boceta seja uma massa de muco e seu corpo esteja se contorcendo com selvageria.

Boa noite, minha pequenina Nora peidorreira, meu sujo pássaro-foda! Só existe uma única palavra amável, querida, você a sublinhou para me ajudar a punhetar melhor. Escreva-me mais sobre aquilo e sobre você, mais doce, mais suja, mais suja.

JIM.