Lindo dia para ser feliz no Rio de Janeiro! O Sol brilhando num céu sem nuvens, famílias passeando pelo Aterro, cervejinha e samba e barrigudos peludos e sem camisa passeando pra lá e pra cá (bem, isso não é uma coisa boa).

Lindo dia para abraçar o Cinema no Rio de Janeiro! Nas salas de toda a cidade, famílias, amigos, sozinhos e solitários acompanhando as diversas sessões do Festival. Cafés lotados e rodas de conversas animadas e pseudo-intelectuais, discutindo a qualidade dos filmes vistos e quais outros ainda estão na agenda. Para mim, esses foram os filmes do dia:

 Às 14hs: O Arrependido, de Merzak Allouache

A co-produção Argélia e França que estreou no último Festival de Cannes levou muita gente à sala do Estação Botafogo nesse domingo, mas nem todas ficaram até o fim da sessão – eu me incluo nesse grupo.

Rashid é um jovem jihadista que se torna um repenti, criminoso arrependido que entrega sua arma ao governo e tenta retomar a vida em sua cidade natal (na Argélia há uma lei que permite esse acordo). Filme arrastado e difícil, pode até ser bom, mas certamente não foi uma escolha acertada para esse belo domingão de Sol. Confesso que pestanejei aqui e ali (porque até cinéfilo cochila no Cinema vez ou outra) e, nem um pouco envolvido com a trama, abandonei a sessão, junto com outra meia dúzia que não também aguentou o filme até o fim.

Às 16h: Moonrise Kingdom, de Wes Anderson

Wes Anderson, o fabulista. Tantas boas obras ao longo dos anos, tantos filmes com a sutileza ideal, com a criatividade técnica necessária, a originalidade estimulante e profundidade que emociona, que esse novo filme certamente era uma das estreias mais aguardadas do Festival desse ano.

A sessão atrasou inacreditáveis quarenta e cinco minutos, fazendo idosos e todos os outros esperarem numa enorme fila na calçada no Estação Rio, em Botafogo. Porém, assim que as luzes se apagaram, o público pôde curtir um bom, excêntrico e divertido filme, naquele conhecido e cult estilo de Wes, o fabuloso.

A trama é uma mistura de metáfora dos três porquinhos (com Bill Murray personificando o Lobo Mal), com eufemismos sobre a vida moderna, críticas sociais e um relato muito pessoal da infância. Ver os filmes de Anderson sempre me faz imaginar como foi sua infância. Normalmente suas tramas são imperdoáveis com os erros dos adultos, além de melancólicas com as estórias das crianças.

Destaque para o casal de protagonistas mirins, maravilhosos, e para Wes, que tem a sutileza necessária para trabalhar tão bem com crianças.