Após um fim de semana inacreditavelmente triste, eu estava aqui, pronta para escrever a prometida coluna sobre a trilha sonora do Django Livre, o filme novo do Tarantino. Eu particularmente amo as escolhas musicais que ele faz para os filmes e achei que seria uma ótima pauta.

Mas, talvez pela sensibilidade que o momento constata ou talvez pelo simples fato de ser tal como é, caiu na minha tela este vídeo da música que o Rafael Altério gravou para o programa da Dani Gurgel.

Há outros músicos envolvidos e não dá para tirar o mérito. Mas ouvir essa música, que tanto me faz pensar em terra, em natureza, em vida acontecendo em volta de mim… Ouvir tudo isso mexeu comigo.

A voz de Rafael é algo tão cru e real que traz uma emoção nova. Me lembra os três dias que estive lá na fazenda dele, no estúdio Gargolândia, e que aprendi que a música só traz retorno a quem é fiel a ela. A música não é simplesmente um meio, ela é um fim.

Com base no “diga-me com quem tu andas e te direi quem tu és”, lhes apresento quem é esse cara. Rafael Altério é amigo de festivais e risadas de Lenine, foi parceiro de composição de Ivan Lins (para a dupla Fioravante e Guimarães), apareceu no Jô Soares, é pai “dos 5 a Seco” e, de quebra, descobriu o Zé, das “árvores de Jesus somos nozes”.

Para ter uma ideia, o primeiro disco dele, de 1996, teve participação de nomes que vão de César Camargo Mariano e Pedro Mariano a Filó Machado. Se até Chico Buarque já gravou Rafael Altério (“Quando alguém cantar”), você consegue entender o que estou dizendo?

O lance é que existem poucos da velha guarda tão atuais e ainda apaixonados pela música e não somente pelo Ecad. Rafael Altério se preocupa em fazer um som… E de uma forma tão honesta e requintada. Você não precisa gostar do estilo “música de raiz”, só precisa assumir que ali se faz algo de qualidade.

Ok, ok. Eu amo a trilha sonora do Tarantino. A cena do “Down in México”, em À Prova de Morte, foi essencial para minha vida. Mas, de alguma forma, eu precisei mudar a pauta. Só por hoje.