Separe o dinheiro e reserve tempo, desmarque compromissos secundários, cancele o analista, falte à aula: nesta quinzena nada disso importa, porque chegou mais um Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro!
Sobretudo se não for nativo, recomendo que compre em umas das bancas de jornal do Largo da Carioca um mapa da cidade, calce um tênis confortável, passe protetor solar e carregue na mochila um bom livro e uma garrafinha d’água. Tudo pronto, agora é só aproveitar os mais de 350 filmes que serão exibidos em 20 salas e espaços entre os dias 26 de setembro e 10 de outubro.
O maior festival de Cinema do país chega à 15° edição ainda acertando o compasso, certamente aprendendo com erros anteriores e ficando cada vez mais robusto e prestigiado. Sendo assim, é claro que mais uma vez o Posfácio marca presença, trazendo para os leitores as Rapidinhas do Festival.
Esse ano, no ritmo das comemorações do Ano da Alemanha no Brasil, o menu-cinéfilo do Festival apresenta o Foco Alemanha com, entre outros, Os Mortos e os Vivos (2013), de Barbara Albert. Também haverá a retrospectiva de Ulrike Ottinger e as mostras de Clássicos Alemães (A Última Gargalhada, 1924, de F.W. Murnau) e Escola de Berlim.
As tradicionais mostras Panorama, Mundo Gay (com destaque para Eu Sou Divine, 2013, de Jeffrey Schwarz, sobre a musa do diretor John Waters), Expectativa e Midnight Movies estão novamente presentes. Mas também há novidades, como a mostra TEC, de temática tecnológica, com Roubando Segredos – A História do Wikileaks (2012, Alex Gibney) e Filme Doc (Invadindo Bergman, 2013, de Jane Margnusson e Hynek Pallas).
Os documentários ganham destaque nessa edição. Além do Filme Doc, haverá a mostra Panorama: Grandes Documentaristas, com obras de Werner-but-why-Herzog, Marcel Ophuls e o novo de Ken Loach, O Espírito de 45 (2013). Outros destaques documentais são 99% – O Filme Colaborativo do Occupy Wall Street (2012, vários diretores), na mostra Fronteiras, Salinger (2013, de Shane Salerno) e a exibição de As Canções (2011), de Eduardo Coutinho, no Ponto Cine de Guadalupe, periferia da cidade.
Retrospectivas de Paul Schrader, Alain Guiraudie e Claire Simon e a presença da atriz Goldie Hawn (para a exibição de Clube das Desquitadas, A Morte Lhe Cai Bem e Shampoo) também estão na programação, além das mesas de debate com presença de elencos e diretores.
O crème de la crème está na estreia do novo de Woody Allen, Blue Jasmine (trailer no fim do post), com Cate Blanchet, que fez sucesso nos EUA. (Achei uma pena os organizadores não terem se animado com essa estreia e programado uma Mostra Woody Allen pro Festival desse ano).
Na competição oficial, temos a Premiere Brasil com onze filmes de ficção, entre eles o elogiado Tatuagem, de Hilton Lacerda. Já entre os documentários, destaque para a proposta de Cidade de Deus – 10 anos depois (de Cavi Borges e Luciano Vidigal), que revisita os atores do filme de Fernando Meirelles, e Cativas – Presas pelo Coração (de Joana Nin), sobre mulheres de presidiários.
Programação vasta e para todos os gostos é o que não falta no Festival, que também terá exibições musicais e o RioMarket, com seminários e workshops, no Armazém da Utopia, na Zona Portuária.
Ainda que no primeiro dia, já se pode dizer que essa edição começou quente, com protestos no tapete vermelho da sessão de gala de abertura do filme Amazônia, de Thierry Ragobert – é Cinema em tempos de revolução.
Sendo assim, durante duas semanas a cidade do Rio de Janeiro estará de braços abertos para o Cinema, e ninguém sabe o que pode acontecer durante esses dias. Vamos acompanhar…
Época do ano em que odeio todos os meus (muitos) amigos que moram no Rio. Odeio, especialmente, aqueles que, morando lá, não aproveitam nada do festival por pura preguiça.
Hahahahah ótimo!
Mas quem tá aqui e não aproveita o Festival é ruim da cabeça e doente do pé, só pode.. rsrs
Em tempos de manifestação, sinto a voz das ruas clamando por uma cinéfila distante: VEM, VEM PRO RIO CLEO!
Hahahah
Abs, obrigado pelo comentário.
“VEM, VEM PRO RIO CLEO!”: estou gargalhando com isso. hahaha Bem que eu queria, mesmo, estar no Rio para o festival. Fico numa tristeza sem fim quando vejo todo mundo comentando “indo ver [insira algum filme aqui]” no FB. Como eu disse, odeio todos os meus amigos que moram no Rio durante as duas semanas do festival.
O Rio sempre me recebe bem. Nem me mata de calor quando eu vou aí. Parece que ele fala “vou tratar bem a mineira, se ela provar do meu calor escaldante, não vai querer voltar e vai deixar de me amar”.
E em pensar que no Ceará só tem 5 cinemas, sendo que são mais de 180 municípios….
Um festival então! “nunca terão”….
Mas eu não sou cearense, me lembrei desse fato pois ontem assisti o filme Cine Holliúdy, que mostra essa realidade escassa de cinemas por lá. O filme retrata a década de 70, mas ainda hoje essa realidade permanece…
E cinema é cultura, retrata tantas coisas! É pra distrair, é pra pensar….
Aqui em Goiânia vai rolar o “Goiânia Mostra Curtas ” nesse mês de Outubro. Já é um bom começo…