Posso chamar esse ano de atípico nas minhas leituras, comecei mais do que terminei, recebi bem mais do que sou capaz de ler, absorver e resenhar. Todavia, é bem fácil continuar como um grande consumidor de livros e ir papando título após título e deixá-los em estado tsundoku por tempo indeterminado. Ok, essas são as desculpas para todos os anos e como bom ou mau leitor as uso até me jogarem contra a parede.

Sem criar alarde: essa não é a lista de melhores livros lançados em 2013, ou melhor, não é uma lista de melhores leituras, mas de LIVROS. Os cheirosos, os bonitos, os longos, os títulos, as fontes, as orelhas e por aí vai. Quase um Oscar do Mundo Literário, mas sem eu ser judeu, dar uma estátua de ouro ou criar suspense durante meses. O que importa, talvez, sejam os breves e pouco edificantes comentários, um pitaco pessoal sobre o que me chamou a atenção.

Vamos?

Melhor Título

Sim, como você, caro leitor, pode perceber, eu adoro títulos longos e sonoros. Para piorar – ou melhorar, depende do seu grau de sanidade – eu também adoro aqueles que são dignos de ótimos trocadilhos (ou piadas infames como “substitua uma palavra do título por racha”). Portanto, não há uma razão sublime pelas escolhas, muito menos apego às leituras.

A espuma dos dias (Boris Vian)

A solidão é um deus bêbado dando ré num trator (Diego Moraes)

Digam a satã que o recado foi entendido (Daniel Pellizzari)

Na escuridão, amanhã (Rogério Pereira)

Rabo de baleia (Alice Sant’Anna)

Se vivêssemos em um lugar normal (Juan Pablo Villalobos)

Tipos de perturbação (Lydia Davis)

Todos nós adorávamos caubóis (Carol Bensimon)

 

Melhor Projeto Gráfico

 

Antologia da literatura fantástica

Quando soube do lançamento dessa antologia fiquei feito uma colegial: animada, escrevendo no diário, colocando papel de bombom Sonho de Valsa na agenda, etc. Isso só com o nome de Borges e Casares. Eis que Elaine Ramos e Nathália Cury fizeram dessa antologia uma obra sedutora aos olhos. Uma capa e projeto gráfico maravilhosos. A fonte, a diagramação, tudo é sexy nessa edição da Cosac Naify. As cores não têm a menor graça nas imagens da internet.

 

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Pulphead

Essa coletânea de ensaios poderia muito bem ir para a categoria capa, mas por tratar-se de todo um cuidado, acho que ela merece estar entre os figurões daqui. Uma capa de raspadinha escondendo o subtítulo da obra e algumas estrelas. A fonte, pelo que li por aí, faz alusão a cartazes de propaganda e, claro, a bandeira americana, como bem disse o pai desse projeto, Alceu Chiesorin Nunes. Os bibliófilos de plantão devem ter comprado duas edições, uma para deixar intacta e outra para raspar e ver a capa completa (eu teria comprado mais uma para deixar meio a meio).

Raspadinha ou não (non pun intended)
Raspadinha ou não (non pun intended)

 

2001: Uma odisseia no espaço

Após lançar uma edição de colecionador incrível de Laranja Mecânica no ano passado, a editora Aleph acertou mais uma vez. Esse é um projeto gráfico que me pegou mais pelo lado cinéfilo do que pelo lado leitor. Creio que essa foi a intenção de Pedro Inoue para transformar o livro 2001: Uma odisseia no espaço em um Monolito – personagem fundamental tanto na obra de Arthur C. Clarke quanto no filme de Stanley Kubrick.

 

Quatro soldados

Samir Machado de Machado é responsável pelos projetos gráficos da Não Editora e coleciona alguns prêmios na área. Em 2013 ele lançou seu segundo romance Quatro soldados e foi o responsável ainda pelo projeto gráfico. Talvez as pessoas estranhem essa escolha por não ser ousada ou chamativa como as anteriores, mas considero a capa, a parte interna e a tipografia um dos grandes atrativos desse livro.

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Ximerix

Zuca Sardan foi uma das atrações da Flip desse ano, dizem os que participaram na sua mesa que o bom humor absorveu qualquer tipo de seriedade. Ximerix, lançado pela Cosac Naify, traz o trabalho gráfico de Tereza Bettinardi, ou melhor, a organização, por assim dizer, afinal todas as ilustrações são do próprio autor. Um livro pequeno que lembra muito aqueles livretos de cordel.

 

Melhor Capa

A infância de Jesus (J.M. Coetzee) – Capa WH Chong

Não sei explicar. É kitsch, mas é divertida. É incoerente, mas faz todo o sentido. Esse menino de óculos escuros e capa conquistou um lugar de capas favoritas do ano.

Digam a satã que o recado foi entendido (Daniel Pellizzari) – Capa Retina_78

Adorei o movimento ciclíco, as letras formando escrituras “antigas” e o oroboro fazem jus à história contida no livro, sem contar toda a beleza das cores.

Se vivêssemos em um lugar normal (Juan Pablo Vilalobos) – Capa Elisa von Randow

Depois da excelente capa de Festa no covil, Elisa von Randow traz outras ótimas referências mexicanas em um tom amarelo que dá vontade de deixar no ponto mais alto da estante.

A espuma dos dias (Boris Vian) – Capa Flavia Castanheiras

Nunca fui fã de periquitos. Bati o olho nessa capa e simplesmente queria. Ainda quero. Alguém me dá? É um espetáculo.

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Toda poesia (Paulo Leminski) – Capa Elisa von Randow

Elisa é bi! Não sou tão fanboy quanto o Tuca, mas é uma coincidência para lá de cretina eu bater o olho em algum livro da Companhia das Letras de que gostei da capa e ver que foi trabalho da Elisa. Gostei tanto dessa capa que coloquei como quadro no meu escritório.

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Meu Kafka (Franz Kafka e Stefanie Harjes) – Capa Stefanie Harjes

Os olhos de Kafka quando jovem dentro da silhueta de um corvo seriam perfeitos para ilustrar uma coleção inteira do escritor. Não conheço o livro, mas a capa é da categoria “comprei o livro pela capa”.

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Menções honrosas da categoria

 

A vida privada das árvores

Campo em branco

Conversa com Ferreira Gullar

Destrua este diário

Mozipedia 1

Murphy

Nocilla dream / Nocilla experience

Oblómov

Pássaros amarelos

O apocalipse dos trabalhadores

Mudança

 

Melhores Leituras 

Estou com muitas dúvidas sobre qual será a minha leitura do ano e só decidirei quando 2013 deixar de existir. Em 2014, lá pela primeira semana de Janeiro, vocês poderão conferir nossas listas de melhores do ano na categoria LEITURA. Para não deixar ninguém na mão e com leituras para as férias, aqui vão alguns dos melhores livros lidos em 2013 e lançados em 2013:

A última névoa e A amortalhada (María L. Bombal)

A velocidade da luz (Javier Cercas)

A vida privada das árvores (Alejandro Zambra)

Antologia da literatura fantástica (Adolfo Bioy Casares, Jorge Luis Borges, Silvio Ocampo)

Digam a satã que o recado foi entendido (Daniel Pellizzari)

Do que a gente fala quando fala de Anne Frank (Nathan Englander)

Memória da pedra (Mauricio Lyrio)

Nocilla dream (Agustín Fernández Mallo)

Nu, de botas (Antonio Prata)

Pulphead (John Jeremiah Sullivan)

Se vivêssemos em um lugar normal (Juan Pablo Villalobos)

Tipos de perturbação (Lydia Davis)

 

Fica para o ano que vem

Infelizmente muitos títulos de 2013 ficaram de fora dessa listinha por um simples motivo: o ano é curto demais. Todo ano é curto demais para uma boa lista de lançamentos! É mais culpa das editoras do que minha.

O drible (Sérgio Rodrigues)

A maçã envenenada (Michel Laub)

Noites de alface (Vanessa Barbara)

Eles eram muitos cavalos (Luiz Ruffato)

Longe da árvore (Andrew Solomon)

Reprodução (Bernardo Carvalho)

As miniaturas (Andrea del Fuego)

A morte do pai (Karl Ove Knausgård)

Decameron (Giovani Boccaccio)

Exploradores do abismo (Enrique Vila-Matas)

Velhos esqueletos (William Kennedy)

Território fantasma (William Gibson)

Todos nós adorávamos caubóis (Carol Bensimon)

Tempestades de aço (Ernst Jünger)

  1. Não entrou pois é igual à edição estrangeira, a única mudança é a cor de fundo.