Hoje começa o Verão Infinito do Posfácio. Sim, começa hoje. Damos a largada e avisamos. Muitos estão com o livro há mais tempo, outros acabaram de receber. O importante agora é começar a maratona.

Todos a postos? Livro em riste, óculos e olhos focados, trabalhos de supino em dia para carregar tamanho calhamaço?

Existem dezenas de motivos para ler Graça Infinita. O primeiro de todos é: este é um tijolo de 1100 páginas e 1,5kg que você irá carregar na praia, nas viagens de fim de ano, no ônibus para o trabalho em janeiro e possivelmente usar como travesseiro em algum momento. A parte que torna isso tudo um bom motivo é apenas que sofrimento cria caráter.

Além da nossa preocupação em tornar todos vocês pessoas melhores, DFW é fantástico. Nós já avisamos vocês sobre isso algumas vezes aqui e aqui, então aqui vou falar apenas do livro.

“Graça Infinita” supostamente seria um filme produzido por James O. Incandenza, falecido durante a maior parte da historia. Este seria um filme tão hilário e tão viciante que ninguém consegue parar de assistir, levando todos os telespectadores à morte (alguém lembrou do livro de comédia em O Nome da Rosa?). Um grupo terrorista do Quebec composto por pessoas em cadeiras de rodas parece bastante interessado em adquirir uma cópia para usar em ações políticas. Isso coloca em perigo a família de Incandenza, cuja viúva e filhos moram em uma escola de tênis. Vizinhos a esta escola temos todo um núcleo de personagens que vivem em um centro de reabilitação e frequentam reuniões dos mais variados centros de apoio (alcoólatras anônimos, narcóticos anônimos, carentes anônimos…).

 

Sim, eu sei. Não faz sentido algum. Lembra ali em cima, quando mencionei que sofrimento cria caráter? Você vai se tornar uma pessoa melhor após as primeiras 300 páginas. Você vai finalmente entender a cronologia (ela existe), conhecer os personagens (são dezenas, e todos detalhados e bizarramente interessantes) e começar a entender as relações entre os diversos núcleos. Mas quando tudo fizer sentido e você estiver apaixonado pela historia, o livro vai acabar, te deixando em desespero. Você vai querer reler. Você vai ficar louco para discutir a história com seus amigos. Você não vai contar nada para eles por medo de spoilers. Você estará viciado em Graça Infinita.

Pausa dramática
(tan tan tan)

Sim, viciado.

Fim da pausa dramática

O tema central do livro, para mim, são vícios. Existe o vício no filme. Existem os mais diversos tipos de vícios em substâncias com descrições gráficas de todos os efeitos e consequências, muito além de qualquer curiosidade que você tenha sentido em qualquer ponto da sua vida. Cada personagem, se você prestar atenção, terá uma obsessão. E existem as overdoses. O livro em si é um excesso e você pode se sentir abusando de todos os limites ao tentar seguir em frente na leitura, mas não vai conseguir largar. Ou vai largar e voltar. Ou será o tipo de lunático que lê mais de uma vez esse maravilhoso tijolo, como alguns de nossos integrantes do Posfácio.

E isso porque a imaginação de DFW é infinita. O humor é incrível e, na maior parte das vezes, involuntário. As situações são tão absurdas que você vai querer saber se elas possuem um limite (já adianto: não possuem). Você não vai encontrar nenhum livro que tenha um personagem tão humano (e ao mesmo tempo tão longe disso) quanto ____ (spoilers, sweetie). Tente lembrar de todos os livros/filmes/séries que abordam famílias disfuncionais. Certamente não chegam próximos do que são capazes os Incandenza. E você vai querer saber o fim, mesmo depois de terminar de ler.

Obviamente não vamos deixar você passar por isso sozinho. Nós seremos o seu grupo de apoio.

Como isso vai funcionar? A leitura será de 90 páginas por semana, começando hoje e com uma pausa para o Natal. A cada segunda-feira teremos um post aqui no Posfácio sobre a leitura da semana anterior. No entanto, não queremos postar resenhas-pílulas para vocês se chatearem e ficarem aborrecidos. Cada pessoa que escrever o texto semanal seguirá seu próprio estilo, poderá ser por tópicos, por personagens, por notas de rodapé, quem sabe até mesmo uma tal resenha. Por isso cremos na discussão prolongada nos comentários e/ou nas redes sociais com as hashtags #posfacio #veraoinfinito #dfw. E vocês são mais do que convidados a participar. O cronograma previsto está a seguir:

Semana 1 – págs. 5 a 94 – 15 a 22 de dezembro (Felippe Cordeiro)
Intervalo para o Natal
Semana 2 – págs. 95 a 185 – 29 de dezembro a 4 de janeiro (Guilherme Magalhães)
Semana 3 – págs.186 a 276 – 5 a 11 de janeiro (André Araujo)
Semana 4 – págs. 277 a 366 – 12 a 18 de janeiro (Isadora Sinay)
Semana 5 – págs. 367 a 457 – 19 a 25 de janeiro (Bruno Mattos)
Semana 6 – págs. 458 a 548 – 26 de janeiro a 1º de fevereiro (Daniel Falkemback)
Semana 7 – págs. 549 a 638 – 2 a 8 de fevereiro (Simone Vollbrecht)
Semana 8 – págs. 639 a 729 – 9 a 15 de fevereiro
Intervalo para o Carnaval
Semana 9 – págs. 730 a 820 – 23 de fevereiro a 1º de março
Semana 10 – págs. 821 a 910 – 2 a 8 de março
Semana 11 – págs. 911 a 1002 – 9 a 15 de março

Existe uma tabela de equivalência para o ebook aqui e estaremos prestando suporte (até mesmo psiquiátrico) pelo email verao@posfacio.com.br.

Durante o Verão todos estão convidados a comentar e, eventualmente, participar dos textos principais a partir da semana 7.

Calma, ainda não acabou não. Temos algumas dicas para vocês não se perderam:

1 – Use dois marca-páginas, um para a leitura do romance e outra somente para as notas de rodapé (as notas de rodapé têm notas de rodapé e antes da página 100 já foram mais de 30 notas);

2 – Post-its, marca-texto, caneta e sublinhados. Razão: muitos personagens, muitos anos a serem decorados, muitas situações que, talvez, fiquem sem explicação. O ideal seria ter dois tipos de marcação a sua escolha;

3 – Preste atenção na cronologia. Principalmente quando ela der as caras.

4 – Quando comentarem algo que contenha spoilers, façam o aviso SPOILER antes do texto e depois /SPOILERS para indicar que terminaram;

5 – Se quiser citar mais de uma pessoa que comentou use @nomedousuário para ele saber.

Bem vindos ao Verão Infinito. E desculpem qualquer falta de sentido nesse texto. Digamos que foi alguma coisa que eu comi.