O que seria pior: uma criança te perguntar de onde vêm os bebês ou qual o seu livro favorito? Não estou falando da dimensão ou da importância da pergunta, mas da reação de quando somos pegos de surpresa por uma pergunta inesperada.
Fiz esse teste via Facebook – sob o risco de ser bloqueado por mandar a mesma mensagem para múltiplos recipientes – para ver como as pessoas reagiriam a uma pergunta enviada fora de contexto. Os alvos escolhidos foram meus últimos contatos na famigerada inbox. O que resultou está abaixo:
Isadora: “Que pergunta horrível! Anna Karenina, acho. Ou A Redoma de Vidro, porque livro preferido é livro do amor. Não, mentira. Morro dos Ventos Uivantes. Pronto, decidi (sou brega)”
Priscila: “Eu não sei. Hahahaha. Que pergunta! Poderia dizer qualquer um de vila-matas. mas seria injusto com joyce, com v.woolf, com henry james! com bolaño. acho que é uma pergunta sem resposta. Pensando em mais duzentos nomes. Mason & Dixon! Por que fizesse isso comigo?! Haha agora não vou conseguir continuar o dia pensando em todos os livros que poderiam ser o meu “favorito de todos os tempos”.”
Gaspar: “A Paixão Segundo G.H. Pois gótica suave”
Marco: “uma trilogia que chama “As crônicas de Artur” e o primeiro livro eh O Rei do Inverno. Pq?”
Marcos: “uou. boa pergunta. tiveram 3 muito marcantes pra mim. laranja mecânica, apanhador no campo de centeio e cem anos de solidão. acho que entre os três, ficaria com o cem anos.”
Laura: “ui, hmmm. cara, eu gostei muito do ‘só garotos’ da patti smith q li recentemente. tenho lido mais livros pra faculdade no último ano. agora to lend um muuuuito bom q to amando q se chama ‘the poetics of space’. pq?? WARUM”
Eduardo: “Favorito é foda. Mas alguns que eu gosto muito Matadouro n 5 do vonnegut, Pilatos do Cony e o bom e velho lobo da estepe”
Roberto: “O velho e o mar”
Victor: “senhor dos anéis. desculpa..queria ser mais cool e dizer um livro cabeção, mas…eu amei muito senhor dos aneis saaabee”
Márwio: Oi, Felippe. 😛
“Dublinenses”, do James Joyce.
Guilherme: “Ai que dificil haha. Mas respondi isso prum date há poucos dias então: O grande Gatsby”
Ana: “nossa, difícil”
Bianca: “No momento é American Gods. Mas eu to no fim de tiger’s wife e ta maravilha”
Arthur: “A máquina, de Adriana Falcão”
Fábio: “hum? não faço ideia. falar “algo favorito de todos os tempos” é muito forte. tudo o q me veio, bom ou ruim, contribuiu de alguma forma.”
Amanda: “putz, migo, é mais fácil contar os grãos de areia da praia…”
Pedro: “opa, pera, pergunta dificil”
Lívia: “nossa, não sei. de cabeça me vem cem anos de solidão.”
Fernanda: “uau. acho que lavoura arcaica. gosto mto do eu sei que voce sabe do que eu estou falando, mas só por diversao. lavoura arcaica é o melhor”
Em seguida, resolvi não fazer algo no privado e abrir a pergunta para todas pessoas que tenho no Facebook. Os comentários foram mais diretos, as pessoas respondiam sem pestanejar nem fazer grandes rodeios para escolherem seus títulos favoritos. Entre os livros mais votados estavam Cem anos de solidão, do Gabo, e O jogo da amarelinha, de Julio Cortázar. Os dois foram seguidos por 1984. Sem esquecer de Dom Quixote citado duas vezes junto de Ulysses. Kafka foi citado apenas uma vez com O Processo. A Bíblia é citada, mas o antigo testamento é o preferido. 1
Entre os comentários, o que mais chamou a atenção foi o Raphael Pousa. Ele comparou essa pergunta ao nível de (risos) “quem é você?”.
Você não conhece essas pessoas, provavelmente, mas você saberia responder de bate-pronto qual o seu livro favorito de todos os tempos?
- para ver todas as respostas https://www.facebook.com/felippe.cordeiro/posts/10153761521169062 ↩
haha obrigado pela citação! Vai ver que uma resposta para o “Quem é você?” da filosofia é: “Eu sou o que de melhor tem o livro favorito da minha vida”
abs
Disponha, Raphael 😉
Essa pergunta é complicada. hahahaha O meu livro favorito de todos os tempos, por enquanto, é “Cem anos de Solidão” do Gabo. O final e toda a história mexeu muito comigo. Sou apaixonado pela história dos Buendia e o povo de Macondo. Mas a saga de Harry Potter também é muito importante porque foi o que me fez me apaixonar pela leitura.
Citaram “O Processo” de Kafka? Eu odiei esse livro.
Felipe, por muito tempo o final de Cem anos de solidão foi o meu favorito, mas aí eu li Ulysses. Sims.
Tem como discorrer sobre a não gostosura de “O Processo”?
Seus textos são sempre instigantes. Mas, há uns 4 anos, eu li o livro ”branca como leite e vermelha como sangue” e lembro que me impressionei bastante. Sofri todos os sentimentos que um bom livro faz o leitor passar, depois que eu o terminei nunca mais olhei para ele por medo de minha impressão sobre ele mudar. ”O melhor” não sei se foi, afinal não li muita coisa ainda, mas com certeza foi um livro que me colocou as mãos nos ombros e sacudiu com força (naquele momento). E ”só” por isso qualquer livro já merece algum destaque.
Obrigado, Matheus. Levei como um elogio.
Anotei a sugestão.
dom casmurro.
abs
Sucinto
Entendo a quantidade de pessoas que escolhe “Cem anos de solidão”, um dos melhores últimos parágrafos já escritos. Mas meu livro de todos os tempos é, sem dúvida, “Grande Sertão – Veredas”, Riobaldo é meu personagem preferido de ficção, vez ou outra preciso visitá-lo. É maior inclusive do que seu próprio criador. Se pudesse escolher outro, iria de “Os Irmãos Karamazov”.
Grande Sertão – Veredas sempre foi o meu favorito. Eu não conto mais. Nunca mais. Ele fica fora de listas.
Engraçado que pensei a mesma coisa quando comentei, Felippe! É o tipo de livro que deveria deixar de fora das listas, por exceção. E um pouco por isso coloquei os Karamazov ali.
Gostei muito de Cem anos de solidão, mas O ensaio sobre a cegueira – José Saramago foi mais marcante. Então troquei o Gabo pelo Mago.
Dom Casmurro – Machado de Assis é sem dúvida meu livro preferido <3
PERGUNTA DIFÍCIL MESMO.
diria que seria “a revolução dos bichos”, de george orwell. porque é bem simples e direto, mas tem um monte de fritações por trás. você lê rápido e fica pensando por dias.
Nacional, “A paixão segundo G. H.”, Clarice Lispector. Internacional, “As horas”, Michael Cunningham.
Que difícil!!!
Me marcou muito “Incidente em Antares” do Érico Veríssimo, “A insustentável leveza do ser” do Kundera, os 5 livros da coleção “Ramsés”, As Brumas de Avalon, “Norweggian Wood” do Murakami, ” A elegância do ouriço”, “O sentido de um fim”………
Agora os infanto-juvenis: Sou apaixonada desde criança por toda a coleção do Sítio do Picapau Amarelo (tenho aquela antiga, de capa dura verde….), e agora estou lendo “Luna Clara & Apolo XI” da Adriana Falcão e estou completamente apaixonada!
Ops……………. Foi mal… Você vê? Impossivel falar de UM favorito.
Abçs,
Flávia.
É realmente uma pergunta difícil, mas diria que é o Memórias do Subsolo do Dostoievski, pq foi um livro que fiquei com a sensação de ter levado um soco no estomago. Reli logo em seguida mais umas duas vezes.
Pra mim é o “Un mundo para Julius”, do Alfredo Bryce Echenique…
“A vida está em outro lugar”, Milan Kundera. Não sabia que poderia amar o Kundera mais do que já amava, e daí descobri Jaromil ♡
Não há um favorito só, mas muitos. Favorito de 2014: Origem, de Thomas Bernhard. Ou O Náufrago, dele tambem. E o de sempre: J. D. Salinger, O Apanhador No Campo de Centeio.
Escolher só um livro e chamar ele de favorito da uma sensação de injustiça. Parece que estamos desmerecendo outros livros incríveis.
Mas se fosse pra escolher um só, o livro que mais mudou minha cabeça e mais me marcou foi Anna Karenina,