Mapa da cidade, garrafinha de água e, acreditem ou não, guarda-chuva e blusa de frio. O Rio de Janeiro continua lindo, mas ficou nublado e com garoas aleatórias. Como um bom paulista, porém, sei enfrentar esse clima, carregando agasalhos que servirão ao longo do dia, óculos de sol para uma possível e desejada abertura do céu e outros utensílios para o que vier pela frente.

Entre nuvens e ventanias, esse sábado foi muitíssimo produtivo. Mesmo tendo tido que cancelar a sessão de Ferrugem e Osso, com Marion Cottilard, que assistiria no começo da noite, vi dois bons filmes, um deles em sessão premier, com a presença dos diretores. Além disso, fui vítima do antigo-e-eterno ocaso de “estar no lugar certo na hora certa” e me vi dando entrevista ao Jornal Nacional – uma aparição de “incríveis” três ou quatro segundos, onde falo das estratégias-de-cinéfilo para acompanhar o maior número de filmes que puder.

Bom, vamos aos filmes vistos nesse sábado?

 Às 12hs: Monty Python – A autografia de um mentiroso, de Jeff Simpson, Bill Jones e Bem Timlett

Utilizando o áudio em que Grahan Chapman, membro e um dos fundadores do lendário grupo de humor Monty Python, lê sua autobiografia, o filme monta dezenas de animações, assinada por artistas diferentes, construindo uma biografia animada de um dos mais lendários humoristas britânicos.

Muito mais do que esperava, o filme é divertido como deveria ser, intenso, honesto e muito bem feito. Excelente trabalho dos animadores que uniram todos os capítulos da história com seus trabalhos de estilos mais diversos, todos muito bons, conseguindo criar uma unidade eficiente e agradável.

Infelizmente, porém, tivemos novamente problemas logo no início da projeção. Outra pena é saber que esse tipo de filme raramente receberá boa distribuição no Brasil – com sorte a teremos em DVD –, mas a minha recomendação é para que os fãs de Monty Python e do bom humor procurem essa obra e se deliciem.

Às 16h40: Jorge Mautner – O filho do holocusto, de Pedro Bial e Heitor D’Alincourt

Sou fã de Pedro Bial – apesar do BBB – e há tempos queria assistir suas incursões pelo Cinema. Procurei por tempos seu documentário sobre o escritor Guimarães Rosa, mas, infelizmente, ainda não encontrei. Hoje, porém, tive uma daquelas raras oportunidades que só acontecem nos Festivais e assisti a premier de seu mais novo filme, um documentário musicado sobre o cantor e escritor Jorge Mautner, na presença do cineasta (o rapaz de calça verde na foto).

Confesso que conhecia bem pouco do artista – que também estava presente na sessão –, e só não sabia menos porque há poucos dias vi o doc. nacional Tropicália, que cita Mautner como colaborador do movimento tropicalista.

Voltando ao filme de Bial, além das boas músicas, o ponto alto é a participação de Gil e Caetano contando hilariantes histórias da gravação do filme marginal O Demiurgo, de tempos em que Caetano tinha cabelo black-baiano-power e Mautner, longas cabeleiras.

A sessão, assim como esta postagem, foi dedicada à memória de Hebe Camargo, eterna graciiinha, que faleceu nesse dia 29.

Já para amanhã, tenho na agenda o novo de Wes Anderson, Moonrise Kingdom e outros que competem em horário, mas isso é assunto para amanhã.  Adaptando as palavras do Paulo (o de Tarso): cabe a cada dia o seu… Cinema.