Em formato de pequenas narrativas, você e ele tomam forma e se tornam as personagens em todos os contos de “A Lua depois do Gravador”, escrito pela carioca Simone Magno. Isso porque a autora utiliza somente esses dois sujeitos para criar todas as histórias que estão no livro. Assim, “ele” pode ser como o leitor bem imaginar, assim como “você”.

Trabalhados sobre a temática das relações humanas e do amor, os contos mantém o foco nas ações dos personagens e seus pensamentos, muito pouco em descrições físicas, o que aumenta ainda mais a sensação de que qualquer um de nós pode se encaixar nos personagens.

As histórias são contadas, como se fossem lembranças vagas dos momentos de amor que vivemos, que muitas vezes misturam sentimentos passados e presentes e passam a envolver desde namorados, amigos, amantes até familiares. E em poucas linhas, Simone Magno consegue ter sensibilidade sem cair em um clichê.

Na minha opinião, três contos merecem destaque e conseguem reunir bastante do que é a obra. O primeiro é justamente o que dá o título ao livro – “A Lua Depois do Gravador”, que retrata o momento em que você consegue uma entrevista exclusiva e, depois dela, com o gravador desligado, vai observar a Lua no Rio de Janeiro e viver uma história de amor.

Já o “Pare e Pense” trata-se de um momento de crise do casal e todo conflito que se passa na cabeça de uma pessoa para se controlar e evitar uma briga, como se sua consciência conversasse com você para tentar reunir forças: “Ele está em crise tenha paciência é a idade em nome do pai do filho tenha piedade fé em nome de tudo o que vocês construíram tenha paciência não corte os laços assim de repente”. Esse é um dos contos em que “você” está em situação difícil e não consegue nem terminar e conectar seus pensamentos, que acontece em alguns outros momentos ao longo do livro.

Por fim, “Telemensagem” é uma das narrativas que tratam do amor de mãe e filha, quando você recebe uma telemensagem de aniversário inesperada e um pedido de perdão e o momento da inversão de papéis, em que a filha deixa de ser sempre a que tem que pedir perdão: “entrou uma musiquinha cafona e uma gravação na qual ela te agradecia e te pedia desculpas, ela pedia perdão em vez de você pedir a ela…”

Editora: Grua Livros
Preço: R$26,50
www.grualivros.com.br

DISCUTA ESSE ARTIGO NO FÓRUM MEIA PALAVRA