Qual não foi minha surpresa quando abri o jornal essa semana e li que Guilherme Afif (PSD) é o novo ministro do governo Dilma – vai cuidar da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República.
Pra quem não sabe, Afif é uma espécie de sabonete de rodoviária da política: fez parte da gestão Maluf quando este era governador de São Paulo; depois foi pro Partido Liberal, se candidatou à presidência em 89, ao senado em 90 e, depois que perdeu essas eleições, foi para o PFL…
Atualmente, é do partido criado pelo ex-prefeito Gilberto Kassab, o PSD, e vice-governador do Estado de São Paulo. Isto é, substituiria Geraldo Alckmin (PSDB) caso este morrese, renunciasse, sofresse impeachment, enfim, fosse impossibilitado de exercer o cargo por qualquer motivo. Por isso a surpresa: como é possível um aliado dos tucanos selar uma aliança com os petistas?
A resposta é simples: horário eleitoral gratuito. Para ganhar uns minutos a mais na TV aberta, tudo parece ser possível.
Veja bem: não estou criticando a coalização do PT com o PSD. Até onde eu entendo, qualquer partido faz aliança com quem ou o que bem entender. Isto é parte do jogo político, incentiva uma maior governabilidade, mais votos …e mais tempo no horário eleitoral gratuito.
Aí é que reside o problema. A necessidade de aparecer na TV abre portas para alianças esdrúxulas como a apresentada nessas mal-traçadas, ou a de Fernando Haddad com o caricato Paulo Maluf, na campanha eleitoral para a prefeitura, no ano passado.
É natural que os candidatos queiram mais tempo de propaganda política na televisão. Afinal, este é o veículo com mais audiência entre os eleitores. O que não faz sentido é que uns tenham mais tempo que outros; quer dizer, a ideia não é exercer a democracia, divulgando todos os partidos e seus projetos, sejam eles pequenos, grandes, evangélicos, democratas-cristãos, a favor da construção de uma bomba nuclear?
Essas coalizões fazem o horário eleitoral perder a sua função enquanto espaço aberto e democrático para divulgação das propostas partidárias, porque dá vantagem para aqueles que têm mais capital político.
Não acho que as alianças devam ser “proibidas”. Ainda mais num país como o Brasil, onde há 30 partidos diferentes. Mas, talvez, as propagandas eleitorais devessem ser repensadas, com um limite de tempo pré-estabelecido para cada candidato.
Mas, em realidade, não sei se é preciso gastar tantas horas pensando nas propagandas eleitorais. Afinal, sem o Enéas (“Meu nome é Enéas, CINQUENTA E SEIS!), elas não têm mais nenhuma graça.
Olá Maria,
Importante colaboração pro nosso tão amado Posfácio (que não tem o rabo preso com nenhum partido!).
Vale lembrar que Dilma já organizou sua aliança para ano que vem ter tempo recorde na televisão. Lembro também que aqui no Rio de Janeiro já começaram a ser veiculadas campanhas claramente propagandistas do vice do governador Sergio Cabral, o Pezão, em quem o partido aposta todas as fichas pra manter a hegemonia desse governo.
É sujo, é feio e, muitas vezes é até ilegal.
Infelizmente isso ainda é o Brasil., e lutar pela mudança é nossa obrigação.
Abraços!