Uma resenha sobre a obra mais que expressiva escrita sobre o simbolo mor de resistencia.

Já no início desse ano eu fiz a minha maior aquisição no mundo dos quadrinhos, comprei a HQ Che – Os Últimos Dias de um Herói. Foi uma empreitada um pouco impensada, porque não estou no meu melhor momento financeiro, mas não pude resistir quando recebi a notícia de que o trabalho mais expressivo já feito sobre a vida de Ernesto Guevara estaria à venda. Pode parecer que estou usando das minhas hipérboles quando digo que essa é a obra mais expressiva já feita sobre a vida do guerrilheiro, sei que existem muitas biografias e algum mostram lados menos conhecidos da história, porém mais uma vez, minha mania de grandeza não é infundada. Che – Os Últimos Dias de um Herói é uma HQ divisora de águas e essa afirmação não é só minha, quem admitiu que a história dos quadrinhos estava dividida entre antes e depois da arte de Alberto Breccia, foi ninguém menos que Frank Miller que despensa comentários e créditos.
Che - Os Últimos dias de um HeróiA história que gira em torno dessa obra é de interesse geral, pois faz parte de mais uma forma de registro de como a humanidade pode ter momentos de extrema burrice e ignorância. O alvoroço causado pela obra de Breccia foi tão grande que causou uma onda de protestos contra o governo argentino da época. Publicada no ano de 1968, apenas três meses após a morte do seu personagem principal, a HQ foi responsável pelo desaparecimento de seu desenhista. “Demos um sumiço nele, por ter feito a mais bela história do Che que já foi escrita” foi a explicação de um militar ao jornalista e escritor Alberto Ongaro para o desaparecimento de Alberto Breccia e suas quatro filhas.

Nada mais motivador do que saber que eu leria mais uma obra de arte em menos de um mês após comprar Mesmo Delivery. Lancei-me de cabeça assim que cheguei em casa e só desgrudei os olhos das páginas quando tive certeza de ter absorvido cada desenho e ter dedicado os minutos necessários à narrativa e suas nuances. A narrativa também faz parte das novidades que foram lançada por essa HQ em sua época. Ela é construída de uma forma totalmente incomum, o narrador não conta a história de forma simples, frases aparentemente “desconectadas” criam o todo o texto. No início a leitura é um pouco complicada para quem não está acostumado, mas rapidamente se pega o tempo de escrita do escritor Héctor Oesterheld, que é o responsável pelo roteiro.

São ao todo sete capítulos, contando desde o início do incidente que levou a morte do guerrilheiro, passando por um pequeno relato de sua vida e chegando finalmente ao seu ultimo momento preso em La Higuera. Breccia sabe mesmo como desenhar com sentimento, algumas vezes pude imaginar os movimentos que ele fazia com o pulso na hora em que desenhava, e esse é o tipo de coisa que faz com que eu me apaixone por aquilo que estou lendo.

Os capítulos que relatam como Guevara, Fidel e o irmão Raul conseguiram tomar cuba do ditador Batista são de longe os mais interessantes de todos, não que seja algum tipo de visão especial sobre a guerra e como ela se desenrolou, muito pelo contrario, de certa forma é até muito parecido com aquilo que está escrito nos livros de história. Porém o que deixa o gosto mais saboroso nesse momento da leitura é a forma com que Breccia dá vida ao que foi escrito. Foram muitas as passagem que eu voltei mais de uma vez para reler.

Che – Os Últimos dias de um Herói é o tipo de arte que todos deveríamos ter acesso e também é minha recomendação para quem quer ver uma bela obra de arte. Na loja da Conrad está a venda por R$ 27, 00, fora o frete que pode ser sedex.

Espero que mais uma vez eu possa estar acrescentando algo novo a esse blog e agradeço pelo retorno que tenho visto por parte de quem está lendo os meus artigos até agora dedicados a nona arte.

Ficha Técnica:
Roteiro: Héctor Oesterheld
Arte: Alberto e Henrique Breccia
Formato: 21 X 27 cm
Páginas: 96