Dizem que a vingança é um prato que deve ser comido frio, mas na minha opinião tanto faz se é quente ou gelado, porque a vingança deve mesmo é ser feita com um revolve e 100 balas não rastreáveis. Que levante a mão e seja santificado aquele que nunca sentiu vontade de “encher de bala” um amigo traíra, um professor sádico ou um(a) namorado(a) infiel. Mas pense por um momento se você realmente tivesse a possibilidade de “ferrar” com aquela pessoa que um dia acabou com a sua vida, será que teria a coragem para puxar o gatilho e dar o troco? Na história em quadrinhos 100 Balas a vingança é apenas um pano de fundo para algo bem maior.

100_balas_2Escrita por Brian Azzarello, desenhada pelo argentino Eduardo Risso e publicada aqui no Brasil pela editora Pixel. 100 Balas (100 Bullets) é uma história em quadrinhos que inicialmente conta sobre o valor da vingança contra aquelas pessoas que acreditamos ter tido culpa sobre algum momento ruim de nossas vidas, e que depois vai evoluindo conforme os personagens vão tomando forma e solidificando seus objetivos e passados. Quando foi lançada, o teor de violência em suas páginas foi muito criticado, pois 100 Balas mostra o mundo do crime como “ele é”, sem romantizar os protagonistas transformando os em possíveis heróis que começaram no mundo do crime por falta de opção. Claro que existem estereótipos para fazer com que o leitor reconheça alguns elementos e se interesse pela HQ, mas dentro de 100 Balas tudo tem um motivo assim como na vida real.

As histórias sempre começam da mesma forma: uma pessoa, que teve sua vida arruinada ganha a chance de se vingar de quem ajudou a transformar tudo num inferno. O agente Graves aborda o interessado e faz a proposta, 100 Balas impossíveis de serem rastreadas e um revolve para que a vingança seja feita a velha moda do mundo da máfia. A primeira a ser tentada é Isabelle Cordova, e já nesse primeiro número vemos a que 100 Balas veio.100_balas_3

Depois de alguns números que fazem a quantidade de pessoas “ajudadas” por Graves crescer, a verdadeira história por trás da vingança nasce aos olhos do leitor. Porque Graves está naquela empreitada de ajuda as pessoas que foram de alguma forma lesadas por um grupo em especifico é a resposta que temos e com ela, a tira colo, temas a história mais espetacular feito sobre máfias e organizações do crime que não existem.

A arte de Eduardo Risso da vida as histórias de Azzarello de uma forma jovem e descolada daquele modelo de HQs mais sérias dos anos 80. Não existe um tratado sobre manter proporções idênticas a realidade, mas ao mesmo tempo os traços tendem a ser muito fies, como na questão das armas que aparecem com seus detalhes, assim como as expressões de rosto. O leitor é presenteado com enquadramentos que lembram muito o cinema, e no meu caso consegui até achar semelhanças de alguns quadros com momentos e cenas de filmes com filmes sobre a máfia e filmes mais leves como True Romance.

É sempre importante lembrar que por motivos de reformulação que a Pixel passou (ou ainda está passando), não existe uma certeza sobre a continuidade dos lançamentos das revistas, eu mesmo só li até o número 65 e mesmo assim através de outros meio. Porém mesmo assim recomendo como leitura básica para quem conhecer um mundo de quadrinhos que vai além de super heróis.

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