Já comentei a dificuldade que é falar das adaptações de quadrinhos sem soar como um fã revoltado procurando desesperadamente um meio de externar sua raiva. Porém nessa segunda parte do artigo sobre adaptações, lhes trago mais um filme que me agradou em sua bem sucedida transposição de mídias. Será uma tarefa mais árdua que a primeira, porque dessa vez o filme em questão foi adaptado de não só de uma HQ desconhecida pela maioria. Aeon Flux é muito mais do que uma simples história em quadrinhos, ela é um conceito desenvolvido para três formatos e que em cada um deles apresenta uma visão diferente para o mesmo “problema”.

Aeon Flux foi inicialmente uma manhwa ((é um termo geral coreano para designar histórias em quadrinhos, ilustrações e animações. Fora da Coréia, o termo se refere especificamente a histórias em quadrinhos da Coréia do Sul. )) desenvolvida pela MTV norte americana com a sua filial sul-coreana. Transformado em desenho para ser passado no canal de TV, fazendo um sucesso significativo e logo tomando posto como ícone Cult. Sua história falando sobre um vírus mortal, clonagem e a rebeldia contra um sistema de governo, fez com que o desenho fosse aclamado por alguns críticos em 1991. Mas com o tempo e o final da série, ela logo caiu no esquecimento e nem sei ao certo se passou em outras filiais da MTV pelo mundo. Fiz uma pequena pesquisa em fóruns e sites, mas ninguém aqui do Brasil soube me responder se o desenho passou no canal na época ou em algum outro momento.

A história por de trás da HQ não é muito complicada. Ela reúne elementos que estava em cena durante os anos 90. Vírus mortais, clonagem e aeon_flux_31grupos revolucionários são os três elementos principais que contam como a raça humano foi dizimada por um vírus, deixando para trás apenas duas cidades e muitos problemas com relação a reprodução entre os seres vivos.

Tudo começa quando em 2011 um vírus mata 99% da população do mundo, deixando para trás os
sobreviventes em um mundo onde a mãe natureza começou a tomar conta de todos os espaços. Os que não morreram na epidemia formaram duas cidades: Monica e Bregna e se uniram para sobreviver. Com o tempo essas duas fortalezas prosperam e delas rebeldes nasceram, como se é de esperar. Esse rebeldes queriam sair de dentro de Monica e Bregna para habitar o mundo pós-virus dominado pelas plantas e pelos animais silvestres.

Aeon é a personagem que dá nome a série e a responsável pelo o que chamamos aqui de espionagem de destruição. Treinada com as melhores técnicas de artes marciais e um conhecimento razoável sobre a verdade que a cerca. Essa jovem e bela “mulher” se torna a arma mais letal da resistência Monicana (como são chamados os rebeldes) contra o poder opressor do governo dos irmãos Goodchild, que são os cientistas responsáveis pela “cura” da humanidade.

aeon_flux_5O filme conseguiu trazer de uma forma muito fiel a estética sugerida pelo desenhista e sem deixar aquela impressão de “algo está errado”. Quando estou vendo Aeon Flux não me questiono como era a HQ, porque sei que estou vendo os desenhos ganhando forma. Desde o enquadramento das cenas a forma com que os personagem falam, tudo remete a HQ, mas sem forçar um conhecimento da mesma.

A primeira vista a história de Aeon Flux é muito confusa e cheia de pontas soltas. Porém aqueles que se interessarem em ver o filme e não ler a HQ vão poder muito bem entender o que estão vendo. A compreensão de do filme sem a necessidade do conhecimento da história em todos os seus lados, faz de Aeon a minha eterna indicação para filmes baseados em quadrinhos.