A inglesa Sarah Kane teve uma carreira bastante curta, escrevendo apenas cinco peças entre 1995 e 1999, além de um roteiro para TV. Isso, no entanto, não impede que ela seja colocada como uma das figuras mais importantes da dramaturgia britânica do final do século XX.
Suas peças são bastante poéticas e intensas, além de extremamente violentas. Sarah é parte de um grupo- não organizado, reconhecido por estudiosos apenas- de escritores que rompe com as tendências naturalistas do teatro inglês do século XX, dando vazão para o pós-moderno.
Sarah nasceu em Brentwood no dia 3 de fevereiro de 1971. Seus pais eram evangélicos, o que fez com que na adolescência ela fosse uma cristã um tanto quanto fervorosa- o que mais tarde rejeitou com igual fervor. Cursou o ‘ensino médio’ na Shenfiled High School, famosa por ter departamentos de teatro e música bastante fortes, e pelo incentivo que dá a seus alunos. Depois disso graduou-se em drama pela universidade de Bristol e, em 1992, iniciou seu ‘Master of Arts’- equivalente a um mestrado- em escrita dramática na universidade de Birmingham, sob a tutela do dramaturgo David Edgar. Em 1999, Sarah, que já havia sindo internada duas vezes no Hospital Psiquiátrico Maudsley, e Londres, enforcou-se dois dias depois de ter tomado uma overdose de medicamentos.
A primeira peça de Kane foi ‘Blasted’. Toda a ação ocorre em um quarto de hotel, durante uma guerra- que é vagamente baseada no que se passou na Bósnia no começo da década de 1990- em que Ian, um jornalista de meia-idade, bastante preconceituoso e chauvinista, encontra-se com Cate, uma jovem bastante simples e doce, sua ex-namorada. Em meio ao pânico da guerra, a tensa relação entre os dois é explorada. Isso porém é interrompido pela chegada do conflito até o hotel, com a entrada de um soldado inimigo. A peça estreou em 12 de janeiro de 1995, dirigida por James Macdonald, e teve grande repercussão: suas cenas de estupro anal e canibalismo causaram a maior polêmica teatral da Inglaterra desde Saved, de Edward Bond, em 1965. Bond, aliás, ergueu-se em defesa de Kate, que era uma grande admiradora de sua obra. Outra coisa que Blasted conquistou foi a admiração de Harold Pinter, que no dia seguinte ao assistir a peça foi pessoalmente até a casa dela entregar-lhe uma carta em que expressava admiração pela jovem autora.
No ano seguinte a segunda peça: ‘O amor de Fedra’, uma adaptação moderna e perturbada do clássico texto de Sêneca. Na versão de Kane, Hipólito é gordo, indiferente e cruel- e o culpado pelo suicídio de Fedra. A sexualidade é explorada de maneira crua e violenta, num texto extremamente cínico, que Kane costumava definir como sua ‘comédia’. Em sua primeira montagem, foi dirigida pela própria autora.
‘Cleansed’, ou ‘Purificado’, foi a peça seguinte, dirigida por James Macdonald em 1998. Sarah baseou-se em uma citação de Roland Barthes em que ele diz que ‘estar apaixonado é como estar eu Auschwitz’: o texto se desenrola em uma espécie de campo de concentração em que uma garota que queria transformar-se no irmão morto, um jovem pária e um casal homossexual são expostos às torturas provenientes da capacidade de amar. A escrita de Sarah torna-se bastante dúbia, e ela experimenta com o palco, levando-o a seu extremo: partes decepadas de um dos personagens devem ser devoradas por ratos e uma flor deve crescer em cena.
Sua quarta obra foi escrita sob o pseudônimo de Marie Kelveldon. ‘Crave’ (‘Ânsia’), marca uma mudança no seu estilo- e mesmo uma guinada da crítica com relação a ela. A violência dá lugar a um lirismo desesperado e as indicações de ações ou cenografia desaparecem completamente. Quatro personagens, identificados apenas por letras, conversam- em algo que é quase um solilóquio em grupo. Vicky Featherstone dirigiu a primeira montagem, ainda em 1998.
A última peça, ‘Psicose 4:48′ é assutadora. Segundo Kane, 4:48 é a hora em que a maioria dos suicidas escreve seus bilhetes. E peça- de forma quase poético, sem qualquer indicação de personagens ou qualquer outra coisa- pode ser encarada como seu bilhete. A personagem (se é que se pode definir uma personagem), inclusive, diz na peça que iria tomar uma overdose de medicamentos, cortar os pulsos e enforcar-se. Aparte os pulsos cortados, foi exatamente como Kane morreu. Com direção de James Macdonald, sua premiére foi em 23 de junho de 2000, pouco mais de um ano após o suicídio da escritora (que foi em 20 de fevereiro de 1999).
Existe ainda um curta-metragem, ‘Skin’, dirigido por Vincent O’Connel para a TV inglesa (e que pode facilmente ser encontrado no youtube). No filme, Ewan Bremner-o Spud de Trainspotting- é Billy, um skinhead que relaciona-se com Marcia (Marcia Rose), uma garota negra. A obra de Sarah Kane como eu já disse é bastante breve. Mas ela foi uma autora influente e muitos grupos e autores recorrem à ela como fonte. Uma fonte, sem sombra de dúvida, forte e vigorosa- mesmo que por vezes um tanto desesperada.
Cara, definitivamente, não sei se fiquei mais impressionado com o texto sobre a Kane ou com o texto com que vc se define: “Não acredita em médicos que não leram Dostoiévski). Sou estudante de teatro e enfim… parabéns!
Parabéns pela escolha ao comentar sobre Sarah Kane. Li Phaedra´s Love esses dias e fiquei impressionada. Num universo em que a violência é banal, ela consegue ainda nos dar vários tapas… no mais profundo “in your face”. Há um trailer de Phaedra´s Love no youtube, um filme recente, de 2011. Bom, fiquei intrigada com Sarah e pude ler sobre seu fim na tua pesquisa. Obrigada.
Você precisa aprender a escrever, meu amigo. Falo com sincera generosidade. Há vários erros de sintaxe em seu texto. Frases mal construídas, palavras deselegantes, uso inadequado dos conectivos etc. Parece o texto de um adolescente que não vai bem em Língua Portuguesa.
Não basta ler Dostoievski e Tolstoi. Vc pode se tornar um grande leitor por isso. Mas para escrever com um mínimo de respeito pelo idioma, é preciso estudar a Gramática Normativa.
Verdade, vendo agora o texto tá bem ruim. Se você não chamasse minha atenção, eu nunca ia reler isso.
Mas, por favor né? Gramática normativa? Nem o Pero Vaz de Caminha usava isso. Mas já que você curte dá uma garimpada aqui no Meia: já resenhamos um monte de ficção científica.