“A Última Música” é o meu segundo livro de Nicholas Sparks. Depois de ler “Querido John” e ficar bastante satisfeito, é difícil acreditar que outra obra no mesmo autor conseguirá superar o seu mais elogiado trabalho. No entanto, para quem seguiu o mesmo caminho que eu lendo a obra de Sparks, esse “A Última Música” é uma agradável surpresa, e a confirmação de que o talento do escritor não se resume a um único título – ou seja, sorte.

Essa história começa quando Ronnie, uma jovem nova-iorquina de dezessete anos, vai até uma pequena cidade litorânea com o irmão para passar o verão inteiro ao lado do pai, com quem ela não fala há três anos, desde o divórcio dele com sua mãe. Obviamente ela não gosta da idéia, o que a leva crer que tudo será um pesadelo, e faz o possível para passar o menor tempo possível ao lado do pai. Para isso, ela vaga pela praia da cidade até fazer as piores amizades possíveis; gente que acaba sempre a metendo em confusões. Tudo muda, claro, quando ela conhece Will, um boa pinta que logo se torna seu par romântico.

Até o romance começar, no entanto, já se passaram mais de 100 páginas de muitos conflitos familiares e com os amigos, o que confirma que Nicholas Sparks segue a tendência e não está interessado apenas em fazer livros com histórias de amor, mas sim sobre relacionamentos em geral, e principalmente sobre a relação pai e filho. Nesse livro esse ponto se torna ainda mais evidente, e a relação difícil entre Ronnie e seu pai Steve chega a ter mais destaque do que o romance da dela com Will. Algumas vezes temos a impressão que o romance do casal principal é uma mera história paralela. Isso não desaponta em momento algum, é até melhor. O romance não se torna água com açúcar e acaba convencendo mais.

A narrativa – além de ser brilhantemente atrativa – segue uma forma incomum. O livro é narrado sempre em terceira pessoa, mas os capítulos são divididos por personagens, em que cada ponto de vista individual é abordado, mas sem parecer um diário. Sendo assim, o narrador mostra o que anda fazendo Ronnie, depois pula para seu pai Steve, depois para Will, e segue até mesmo com os antagonistas. Gostei da forma como o autor conseguiu fazer isso, se mostrando um diferencial eficaz do livro.

É difícil falar dos livros de Sparks sem citar o final, o que estragaria a resenha entregando spoilers. A partir da segunda metade, o livro passa por diversas reviravoltas e a trama entrega surpresas sobre todos os personagens. A história termina bem diferente de como começou, partindo da própria protagonista, que está irreconhecível no fim do livro, resultado de seu amadurecimento diante dos acontecimentos do presente verão. Ronnie vai aprender a perdoar, algo aparentemente difícil para ela, e isso começara por seu pai, e depois Will.

O livro tem um final triste e feliz ao mesmo tempo, e só é possível entender como isso pode acontecer lendo a obra, mas ele é acima de tudo emocionante. É difícil conter o sentimento envolvente que aparecerá nas últimas páginas diante das situações em que os personagens são colocados.

Dessa forma, o best-seller “A Última Música” é recomendado a todos. Uma bonita e emocionante história para todas as idades sobre amor, família e perdão.

Sobre o autor: Formado em administração aos 21 anos, o catarinense Lodir Negrini é um leitor compulsivo desde sempre, e um escritor desde os 14 anos. Escreve contos, crônicas e resenhas de tudo o que lê. Devora qualquer livro, mas prefere escrever sobre o cotidiano. Está atualmente finalizando seu primeiro romance. Pode ser encontrado no twitter @LodirNegrini e no blog Lodir Negrini.

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