Livro simplesmente sensacional. São mais de 500 páginas e você não consegue parar de lê-lo. Conta a história dos 7 reinos antigos, que antes eram reinos independentes, mas hoje prestam vassalagem ao trono do Rei Robert. E este, após a perda de sua Mão (o nome dado ao braço-direito do Rei), viaja até Winterfell para pedir que seu antigo amigo e atual regente de Winterfell, Ned Stark, torne-se sua Mão.
Logo Stark percebe que a Rainha (da casa Lannister) detesta o Rei, assim como seu irmão gêmeo e basicamente todos da casa Lannister que habitam Porto Real. Além disso, o círculo interno do Rei parece indigno de confiança, e não demora muito para Stark ter certeza de que a Mão anterior foi assassinada. Agora, ele teme esse mesmo destino para si e para o Rei.O livro gira basicamente em torno das personagens dessas duas casas, Stark e Lannister, mas mais do meio pro final dá ênfase aos outros reinos. Mesmo assim, três deles mal são citados. Mas como esse é o primeiro livro de sete, eles devem ter mais importância nos próximos livros.
Porém, o livro vai além dos sete reinos. A leste, os dois últimos descendentes do antigo reino, que foi usurpado por Robert, Stark e outros (mas usurpado com motivos – o último rei antigo não era chamado “rei louco” à toa) procuram ajuda para voltar a reinar. A irmã casa-se com um senhor de cavalos e o irmão acalenta a ideia de usar o exército do agora cunhado para invadir os sete reinos e tomá-los de volta.
E ao norte, depois da Muralha que separa os sete reinos da floresta assombrada, coisas assustadoras ocorrem. Mortos literalmente voltam à vida para matar os vivos. É lá que está Jon, o filho bastardo de Stark e um dos melhores personagens do livro.
Aliás, personagem ruim aqui é dificil. Dois, porém, são mal aproveitados em minha opiniao: Sansa, a filha mais velha dos Stark, que é apenas uma garota ensinada a ser parte da realeza, e o próprio Lorde Stark. Na corte real, ele e sua honra, sua corretude e sua retidão de cárater soam por demais destoantes, já que lá ninguém pode ser confiado.
Eu sei que essa foi a ideia do próprio autor, mas fica difícil engolir que um dos sete reis seja tão nobre a ponto de aceitar um bastardo sob sua mesa, enquanto os outros não fazem isso (nem mesmo o Robert); que ele seja tão nobre a ponto de se doer por ter um bastardo até hoje, com o menino tendo 16 anos, enquanto nenhum dos outros regentes se sente assim; que ele tenha a ingenuidade de falar com a Rainha que já sabe de tudo que ela faz e que está dando a ela a oportunidade de fugir e salvar sua vida, enquanto que isso é tudo que ela precisava para “acidentalmente” ter o Rei Robert morto.
Como esse livro não é maquineísta, não tem um “bem vs. mal” desenhado bonitinho como em O Senhor dos Anéis, tenta dar a intrigas da corte um peso enorme, tenta mostrar que ninguém deve ser confiado, como pode existir, então, um personagem como Stark? E que, afinal de contas, é o principal desse primeiro volume?
Mas esse é o único “senão” desse livro. Ele é muitíssimo bem contado, o autor domina impossivelmente o dom da prosa, com personagens interessantíssimos, e não se esqueçe de flertar com o sobrenatural, tanto nas ameaças vindo do norte como as vindo do leste.
As crônicas de gelo e fogo: A guerra dos tronos
George R.R. Martin
592 páginas
Preço sugerido: R$49,90
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Sobre o autor: Bruno Marques, professor de informática e leitor voraz de livros e HQs.
É casa Lannister não?
Gostei muito dos livros. Tanto o primeiro (Guerra dos tronos) quanto o segundo (Fúria dos reis). O caráter inabalável da casa Stark (não só de Ned, mas dos outros também) é um contraponto á postura da casa Lannister, e as demais casas ficam no meio termo entre esses extremos (maniqueísmo?). Mas toda a retidão dos Stark infelzmente não sai de graça, eles sofrem nas mãos de inimigos ardilosos e astutos (não só Lannisters), e o que acontece no fim do primeiro livro é só o começo da provação por qual eles passam. Bom, espero ansiosamente pelo lançamento do terceiro volume, já que muitas perguntas ficaram sem resposta no fim do segundo livro.