Sérgio Sant’Anna é escritor brasileiro, conhecido por seus trabalhos O sobrevivente, Simulacros, Um crime delicado, O voo da madrugada, entre outros. Ele também escreve peças de teatro e teve trabalhos adaptados para o cinema. É pai do também escritor André Sant’Anna e irmão de Ivan Sant’Anna. Nesse ano, a Companhia das Letras lançou seu último trabalho, O livro de praga – narrativas de amor e arte da Coleção Amores Expressos. Sérgio topou responder às 10 perguntas e meia do Meia Palavra! Confira a seguir.

1. Que tipos de desafios você teve que enfrentar para realizar o projeto Amores Expressos, do qual resultou O Livro de Praga – Narrativas de Amor e Arte?

Além dos desafios que qualquer livro apresenta, havia outro: escrever numa cidade estrangeira, com a qual tinha de me familiarizar em um mês.

2. O fato de ter o prazo de um mês para ficar na cidade e sair de lá com a ideia para o romance interferiu em sua criatividade?

Interferir com a minha criatividade, não interferiu não. Digamos que eu flanei o tempo todo em Praga, com os olhos e a imaginação bem abertos.

3. O Livro de Praga contém diversos tipos de fetiches que estão flertando sempre com alguma arte: música, teatro, arte sacra. Em algum momento você pensou que este livro seria rejeitado por tratar o erotismo em primeiro lugar e não o amor acidental dos outros livros da coleção?

Pensei na possibilidade de o livro ser rejeitado por seu intenso erotismo, mas foi o que me veio a cabeça, aos sentidos, e toquei o barco.

4. Em “Um Crime Delicado”, há uma relação íntima entre violência e arte, entre agressividade e crítica. De que modo você enxerga essas relações no ambiente literário hoje?

Um crime delicado foi um livro específico, em que beirei o romance policial e agradou-me misturar essa agressividade com a arte. Quanto à crítica, eu quis brincar com ela, talvez de uma forma um tanto ambígua, porque o crítico era acusado de um crime. Mas quem leu o livro sabe que era tudo falso, fake. Adoro esse fake na literatura e na própria arte.

5. A narrativa curta parece ter sido a marca de mais de uma geração de escritores urbanos no Brasil. Quais são as vantagens do gênero “conto”? Ele estaria supervalorizado?

Eu gosto do conto por sua densidade. Me agradam as formas breves. Mas não acho que o conto esteja supervalorizado. Na verdade, o romance é muito mais valorizado.

6. Você não cansa, de vez em quando, de trabalhar com uma literatura tão auto-reflexiva? Não dá vontade de escrever um romance tradicional, com início, meio e fim, de vez em quando?

Eu não me canso de trabalhar com uma literatura que você chama de auto-reflexiva, porque a escrita simplesmente me sai assim. Não está nas minhas cogitações do momento escrever um romance tradicional.

7. Você opina acerca do trabalho de seu filho, André? E ele, faz sugestões e críticas ao seu trabalho?

Eu gosto muito da literatura do André, mas só leio os trabalhos dele depois de prontos. Ele lê os meus da mesma forma. Sua opinião é muito importante para mim.

8. Quais são suas influências literárias?

Não tenho como falar em influências pois sempre li de tudo.

9. Existe algum escritor das últimas décadas que você destacaria?

João Gilberto Noll, Luiz Ruffato, o próprio André.

10. Como ganhador de alguns prêmios Jabuti, qual a sua opinião na relevância de prêmios literários?

Os prêmios são gratificantes para quem os ganha. Mas em termos literários não determina a importância deste ou daquele livro.

10 1/2. (…) você estará sempre errado
Essa frase é de O processo, não? Ou de A colônia penal. É uma frase lapidar e com o humor cáustico de Kafka.