Há pouco mais de um mês eu escrevi sobre a primeira parte da Trilogia da Fundação, de Asimov. Falei sobre o quanto eu havia me empolgado com um autor que, anteriormente, eu achava um tanto quanto kitsch. Já que o primeiro, Fundação, foi capaz de mudar minha opinião, resolvi ler a sequência.

Em Fundação e Império, a Fundação já é uma potência galáctica bem estabelecida,  e a psico-história de Seldon já se espalha pelo populacho na forma de lendas proféticas e um certo ‘destino manifesto’ – os cidadãos da Fundação a creem invencível, pois ela foi criada com o objetivo único de triunfar sobre todas as adversidades e levar o homem até sua glória máxima. Dessa vez, porém, os inimigos são mais astutos e poderosos do que aqueles enfrentados nos primeiros trezentos anos (o que corresponde ao primeiro livro).

Na primeira parte o próprio Império, mesmo enfraquecido, decide recuperar os planetas que a Fundação influencia. Pela primeira vez a Fundação pega em armas e se atreve a guerrear – com a ajuda cambaleante de um novo planeta aliado, Siwenna, que vê na derrota do Império sua esperança de libertação. O desfecho do embate é previsível, mas o modo como isso acontece é um tanto quanto inesperado.

Em seguida, a história passa 80 anos para o futuro. A própria Fundação, agora, começa a mostrar sinais de decadência: o cargo de prefeito é agora hereditário, e cabe a uma dinastia (em sua terceira geração) despótica e mais idiota a cada geração. Planetas habitados por pequenos comerciantes empobrecidos e rebeldes dentro do próprio planeta sede da Fundação tem planos de derrubar o déspota Indbur III.

Tudo muda com o surgimento de um novo inimigo, o Mulo. Vindo do nada, ele rapidamente torna-se extremamente poderoso e ainda mais ameaçador do que o Império fora. As esperanças tornam-se cada vez mais tênues, surgem suspeitas de que Hari Seldon possa ter errado. Tanto que um cientista,  Ebling Mis, resolve tentar reconstituir a psico-história.

Apesar de ser a continuação do primeiro livro, lançada originalmente apenas um ano depois, existem diferenças significativas entre Fundação e Fundação e Império.

Nesse segundo capítulo da história da Fundação, o tom de Asimov é, ao mesmo tempo, algo mais grandioso e pessimista. Ele não se furta, também, ao dar maior importância aos indivíduos do que na primeira parte, e mesmo ao retratar – de forma tímida, o que evita que se torne piegas – o romance do jovem casal Bayta e Toran. Quiçá essas diferenças sejam intencionais, visto que o próprio desenrolar dos eventos aponta nessa direção. As dificuldades são maiores e as ações individuais passam a ter um peso maior do que outrora.

Fundação e Império

de Isaac Asimov, tradução de Fábio Fernandes

248 páginas

R$ 39,00

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