“O último homem na Terra estava sozinho na sala. De repente, ouviu baterem na porta.” (Luiz Braz). O fim do mundo está chegando mais uma vez. Com data marcada, uma profecia de povos antigos e muitos rumores, a ocasião não chega a ser exatamente algo original e que me preocupe. Era isso que eu pensava, ao menos, até notar que esse pensamento apocalíptico bate à minha porta com uma certa frequência em sonhos. Já somei três vitórias contra o fim dos tempos enquanto dormia. Talvez o meu inconsciente acredite nesse papo de fim da humanidade, ou quem sabe ainda trata-se do meu eu do futuro mandando sinais diretamente de outra dimensão.
A primeira vez foi há cerca de um ano, quando presenciei uma mutação biológica que criou uma nova linhagem de moscas. Elas chegavam a ter cerca de 5 metros, se alimentavam de tecnologia e eram mais fortes que nós. Com isso, elas inicialmente comiam toda a tecnologia (começando pela linha verde do metrô de São Paulo, vale lembrar), deixando o ser humano mais fraco, sem armas ou transporte e, em uma segunda fase, nos escravizavam para que eles produzissem mais maquinaria que serviria de alimento. O segundo sonho foi mais clássico, com anjos do apocalipse que usavam sua influência para que as pessoas destruíssem o planeta e uma às outras. Já o terceiro sonho foi inspirado pelo filme Melancolia, e, pra ser mais exata, foi igual à narrativa, com direito a um eclipse maravilhoso e cenas orquestradas em câmera lenta.
Mas, de qualquer forma, essa coisa de sobreviver ao fim do mundo me fez ficar curiosa sobre o tema. Digo, supondo que o mundo realmente acabe, temos uma série de providências a tomar. Podemos construir um abrigo no núcleo da Terra ou em outro planeta para alguns remanescentes da raça humana erguerem um novo império, em uma jogada à lá Asimov. Ou podemos ser mais minimalistas e clichês ao preparar uma cápsula para guardar objetos a serem descobertos no futuro por uma nova raça que habitará esse planeta. Quem sabe então uma rede social de mensagens de adeus ao mundo? E que tal um bolão? É isso! Um bolão! Afinal, se não há como evitar a catástrofe, ao menos aproveitemos ela.
Está aberto o Bolão do Fim dos Tempos. Escreva, publique, distribua e contribua com o seu palpite: Como o mundo vai acabar? Alguns apostadores já entraram em contato comigo, via obra literária ou cinematográfica, e seguem agrupados por afinidade:
Como um dos grandes favoritos no bolão, temos o vírus ou doença que vai matar toda a raça humana: “Uma pandemia vai acabar com o mundo” é a opinião direta dos apostadores George Rippey Stewart (Só a Terra permanece), Jack London (A praga escarlate) e Stephen King (A dança da morte). “O ser humano ia desenvolver a cura para uma doença, mas isso se torna um vírus mortal” é o palpite de Richard Matheson (Eu sou a lenda).
Apostando nos desastres naturais temos Lars von Trier (Melancolia), que acredita num final poético e melancólico, com um planeta colidindo com a Terra.
Os apostadores ainda colocam algumas boas fichas em monstros, zumbis, ETs, vampiros e seres demoníacos: Max Brooks (World War Z) diz que o fim vai acontecer por conta de um “apocalipse zumbi”.
Outros: Cartas do fim do mundo é o nome da aposta lançada por vários autores que se juntaram e deram as mais diversas opiniões sobre como vai ser o fim do mundo em 2013. Se algum deles acertar, dividirão o prêmio entre todos do grupo. Já José Saramago (Ensaio sobre a Cegueira) faz a aposta sozinho e acredita que “Todo mundo fica cego, e isso é o fim do mundo como conhecíamos. A sociedade passa por uma reestruturação a partir daí”.
O resultado do bolão será anunciado no primeiro minuto de destruição da humanidade e poderá ser visto por quem sobreviver. Quem vencer, leva a soma das apostas, que estará devidamente guardada em um lugar seguro. As instruções para retirar o prêmio serão enviadas via SMS ao vencedor, porque acreditamos que a telefonia não vai acabar. Não nos responsabilizamos pela perda de sentido em acumular capital ou ganhar um prêmio em dinheiro no fim do mundo. Para vencer não é preciso acertar a data do fim do mundo, e sim como ele acabará.
sé é um bolão eu já ganhei.
no dia em q eu morrer o mundo vai acabar. pelo menos pra uma pessoa.
Já tinha dito que tinha adorado a coluna xD
Olha, se Cartas do fim do mundo não banhar o bolão, ninguém ganha. É tanto fim diferente (e uns muito bons!), que algum desses deve ser! xD
Juro que quero ganhar com as moscas devoradoras de tecnologia.
“Só a Terra Permanece” é bom demais! 😀
Minha aposta: a espécie humana vai acabar por involução. As condições irão ficando cada vez mais e mais árduas, quanto a recursos, etc, até que sustentar a inteligência se tornará um custo muito alto, e regrediremos até o estado de pequenos primatas (a ser chamada Hipótese Carlos Nascimento de Evolução). A Terra ainda continuará habitada por esses pequenos animais por muito tempo ainda, até ser consumida pela explosão do Sol.
Caso seja vitorioso, favor alimentar meus descendentes.
está tudo registrado!
essa ideia de involução faz sentido, viu? Acho que vc tem boas chances! /)
A raça humana vai acabar no ‘olho por olho e todos ficam cegos.’ Saramaguiano sempre!
Adoro essa sua coluna Dindi! Hahaha esse seu realismo ‘fantástico’ é maravilhoso.
hahahah obrigada!
concordo com o Gigio… vai acabar por idiocracia
Olá Ingrid,
Sei que o fim do mundo já passou, mas como só agora tive acesso a essa sua coluna, gostaria de saber se posso enviar para você um pequeno livro que eu escrevi chamado “A hora da virada”. Além de ser pequeno mesmo (máximo duas horinhas de leitura) ele fala, adivinha só, sobre o fim do mundo! Tchãrããããã!
Duas das 5 pessoas que leram citaram o filme Melancolia, o que faz crer que terei de ver este filme mesmo. Mas o que eu precisava realmente era de uma curta opinião sobre o livro e a história (duas linhas, uma pra cada um) pois estou escrevendo outro livro e será muito importante receber alguma impressão do anterior.
Sei que o tempo é muito curto atualmente (e para mim parece ainda mais curto depois que o mundo não acabou) mas tenho esperança de que alguma boa pessoa possa me fazer essa gentileza!
Te agradeço muito pela atenção.
Luciano Santarem