Porque estava…
…cultivando um bigode.
…lendo. E, convenhamos, ler é bem mais gostoso do que escrever.
…abandonando livros. Talvez seja caso de “Ressaca Literária 2 – o retorno” ou pura falta de fôlego (e saco) para obras mais longas. Só sei que muita coisa boa ficou pelo caminho. Li apenas 10 páginas d’A amiga genial (Elena Ferrante), fiquei no primeiro quarto de Clímax (Chuck Palahniuk) e esqueci de continuar a leitura no auge do suspense de Aniquilação (Jeff Vandermeer).
…vivendo o karaoke’s way of life.
…experimentando outras famílias que não a minha – e aceitando de bom grado todo o amor que me foi dado.
…me movendo como Tautou.


…tomando nota de detalhes de eventos sociais (para futuro uso literário, claro) em conversas do WhatsApp e, no interim, acordando os amigos que recebiam essas mensagens.
…não conseguindo me mover como Tautou – e não há nada mais triste do que ver isso acontecer enquanto “Shake it off” bomba nos amplificadores.
…filosofando ao comer um pão de mel.
…tentando aprender algo com livros que prometiam me fazer escrever melhor.
…sendo assaltado.
…planejando grandes gestos dramáticos (parte de mim insiste em classificá-los como românticos, enquanto outro pedacinho sabe muito bem que isso não passa de uma grande besteira) e depois resolvendo deixá-los para a literatura.
…desvirtualizando gente. “Amigos” de facebook tiraram as aspas na vida real e o carinho rolou solto.
…lembrando como é bom ter um tempinho de ir ao cinema e ver um filme bacanudo.
…me perguntando o que raios vim fazer nessa cidade.
…vendo meu cérebro entrar no modo “proteção de tela” umas 35 vezes por dia.
…consolando.
…sendo consolado.
…almoçando rapidinho com amigos e correndo pra não chegar atrasado no trampo.
…levando a sério meu estudo de personagem.
…criando uma playlist para uma cidade.
…trabalhando pra burro – às vezes indicado livros que amo (e vendo-os serem comprados), às vezes quebrando a cabeça para descobrir qual era o bendito dono “da capa azul que estava bem ali há duas semanas”.
…deixando o cabelo crescer como nunca antes na história desse país.
…voltando a ler teoria e crítica literária, agora longe do mestrado, e achando o máximo.
…adoecendo e indo repetidas vezes ao médico. Nada como o visual junkie-viciado-em-heroína após algumas doses de soro e uns exames de sangue, com o lado interno do cotovelo já familiarizado com as agulhas.
…decidindo se, após certo tempo, não importando o quanto me orgulhe do resultado (de vez em quando isso acontece), ainda valeria a pena publicar um texto.
…ouvindo os novos cds de alguns de meus cantores e bandas favoritos. “Novos” talvez não seja o melhor adjetivo: os álbuns do Mika e do Pato Fu talvez até possam ser considerados assim (fim de 2014), mas o da Aimee Mann é de 2012.
…descobrindo alguns “velhos”: depois de 1989, resolvi viciar também em Red. (Obrigado pela graça alcançada, dona Taylor Swift.)
…avaliando provas antecipadas de amigos talentosíssimos. Gente que já tomou café da manhã comigo escrevendo bem que só vendo. Ou só lendo.
…dando um pulinho na Flip.
…retornando à casa – e me perguntando, ao andar por ruas tão familiares e encontrar conhecidos a cada cinco minutos, por que não jogo tudo para cima e volto para Curitiba.
…sendo bloqueado nas redes sociais por gente que me era querida.
…assistindo desenho em noites de insônia, me esquecendo das inúmeras séries que deveria estar acompanhando. Ah, e de escrever, claro.
…me esquecendo de anotar coisas que deixariam essa lista mais engraçadinha.
…escrevendo cartas que não mando.
…prometendo voltar à academia na semana que vem.
…me maravilhando com sense8.
…sentindo uma saudade imensa da família.
…matando algumas saudades – se não da família, ao menos da cidade que me acolheu por 10 anos e de alguns dos amigos que deixei por lá.
…fazendo listas com itens repetidos, mas isso vocês já perceberam.
…procurando um lugar para morar.
Em suma: procrastinando. Mas para dar tanta desculpinha esfarrapada eu precisei escrever. Talvez isso signifique alguma coisa.