41t79qfnil“Aqui, agora, no lugar mais fedorento de todo o reino, nasce, no dia 17 de julho de 1738, Jean-Baptiste Grenouille.” É assim que o autor nos apresenta Paris, é assim que ele traz sua personagem principal ao mundo.

Süskind conta em seu livro a história de um menino com um dom inusitado, ele não escreve poesias, não canta ou compõe, o grande talento de Grenouille é seu olfato; ele possui o “melhor nariz de Paris”.

Durante o livro o autor passeia pela vida e mente de pessoas simples ou não, revelando os seus mais profundos desejos e pensamentos, e muitas vezes nos causa espanto. A maneira como as personagens reagem a Jean-Baptiste é tão humana quanto nojenta. E o descaso e preconceito andam de mãos dadas com ele no caminho até seus assassinatos.

Eu não posso dizer que o autor se baseou em estudos científicos para criar Grenouille, logo afirmar que ele fez um paralelo com a vida real seria impossível, no entanto, eu gostaria de fazer um pararelo.

Pesquisadores da Universidade de Liverpool e Harvard dizem que o odor do corpo é, juntamente com o rosto, o que definem o grau atrativo de uma pessoa.

Bem, pensando que muitos animais irracionais fazem isso e levando em conta que o ser humano é um animal, a teoria até que faz sentido. Ou seja, se uma pessoa consegue captar cheiros de uma maneira mais intensa que um ser humano comum, as pessoas que possuem um perfume natural melhor estariam na mira dela. E é exatamente isso o que torna Grenouille tão absurdamente real.

E ainda que o caso não tenha sido esse, foi exatamente o que ele fez. O autor criou o nariz mais sensível e o deixou entrar em contato com os melhores odores, combinados com os mais belos rostos.

A mistura entre o repugnante e o belo torna “O Perfume” uma leitura fascinante. Onde o egoísmo se faz tão presente quanto a  luxúria, para mostrar o quão facilmente nos tormamos vulgares pelos motivos e instintos mais fúteis.

E assim Patrick Süskind conquistou o meu respeito, ele e seu personagem principal, que uniu o mocinho ao mais inescrupuloso dos vilões.

COMENTE ESSE ARTIGO NO FÓRUM MEIA PALAVRA