A literatura norte-americana contemporânea tem alguns grandes autores, e um sem número de autores totalmente dispensáveis. No meio dos dois grupos, existem alguns bons escritores, mas que não chegam a ser aquilo que se pode chamar de artistas.
Jeff Hobbs é parte desse terceiro grupo. ‘Os Turistas’ não é nenhuma porcaria: tem uma história interessante, é bem escrito. Quando se trata de literatura, no entanto, não acredito que isso baste.
A história começa oito anos depois que o narrador sem nome e os protagonistas Ethan Hoevel, Samona Ashley e David Taylor formaram-se em Yale e seguiram com suas vidas- todos, exceto o narrador, com sucesso. Ethan é agora um talentoso e famigerado designer, enquanto Samona e David casaram-se (ele trabalha com finanças e ela com moda). A primeira ‘mácula’ de Hobbs é cair no clichè: o narrador passa por dificuldades financeiras e é, obviamente, escritor.
Essas personagens- que me pareceram um tanto quanto caricatas- reencontram-se e começa um jogo de sedução e manipulação orquestrado por Ethan. Ele, que até então sabia-se gay, seduz Samona- por quem o narrador fora apaixonado no colégio, enquanto tinha um caso com Ethan. David espera, à parte da história, até o momento em que é puxado para dentro dela, com conseqüências quase inusitadas.
Apesar de interessante- o livro chega a prender a atenção- a trama é um tanto quanto banal e em muitos momentos é extremamente previsível. Além disso, os temas tratados são um tanto quanto batidos: a juventude que se sente sozinha e não sabe o que fazer, aonde ir; a passividade e o comodismo das pessoas quando confrontadas com a morte dos sonhos e ideais da juventude em nome de uma vida confortável.
Não posso dizer que Hobbs é um mau escritor. Apesar de ter lido uma versão traduzida, pude notar que provavelmente ele domina bem o inglês (e a tradução de Antônio E. de Moura Filho, diga-se de passagem, foi bastante boa). O problema é que também não posso dizer que seja um bom escritor- fazer coisas interessantes ou bonitas não é o suficiente para isso.
