A linguagem como matéria, como combustível para o pensamento- que é teatro. A palavra sendo objeto e signo de um jogo complexo, jogado ao mesmo tempo pela sociedade, pelo público e pelos atores e diretor. Assim funciona a obra do dramaturgo francês Valère Novarina, um dos mais importantes autores contemporâneos de teatro.

Novarina nasceu em Chêne-Bougeries em 1947, filho do arquiteto Maurie Novarina e da comediante Manon Trolliet. Cresceu às margens do lago Léman, de onde saiu para estudar filosofia e lingüística em Paris, na Sorbonne.

Lá estudou Dante durante algum tempo, para depois enveredar pelo teatro, escrevendo uma tese a respetido de Antonin Artaud. Escreve também algumas peças, que Roger Blin- diretor e ator francês, famoso por ter participado da primeira montagem de ‘Esperando Godot’, de Samuel Becket- planeja levar aos palcos.

O primeiro diretor a montar alguma das peças de Novarina, no entando, foi Jean-Pierre Sarrazac, em 1974, com ‘O Ateliê Voador’. A peça aborda as relações de trabalho, apresentando-nos o casal de patrões, sr. Boucot e a sra. Boca, e seus empregados A, B, C, D, E e F. Os empregados são expostos como produtos e recebem seu salário, literalmente, em migalhas. O foco do texto, porém, não está tanto nos fatos ou ideias apresentados, mas na estrutura do texto: o jogo de palavras já apresenta-se como parte fundamental da poética do autor.

A partir de então as obras de Novarina passam a ser montadas com certa regularidade. Em 1984, quando da publicação de ‘O Drama da Vida’, Novarina conheceu e passou a corresponder-se com Jean Dubuffet, primeiro e um dos principais teóricos da Art Brut.

Além da atividade como dramaturgo e escritor, Novarina vem desenvolvendo atividades como pintor, fotógrafo e desenhista. Em outubro de 2004 ocorreu uma exposição no Museu de Arqueologia e Belas Artes de Besançon  agrupando os 2587 personagens de ‘O Drama da Vida’ e um ensaio fotográfico, apresentando a trajetória de Novarina como dramaturgo, teatrólogo e artista visual.

No Brasil o autor vem sendo publicado e montado com certa intensidade, inclusive tendo visitado o país em 2009, o chamado ‘ano da França no Brasil’. Foram publicados aqui: ‘Carta aos Atores’, ‘Para Louis de Funès’, ‘Diante da Palavra’, ‘Discurso aos Animais’, ‘O ateliê voador’ e ‘Vocês que habitam o tempo’. As montagens foram diversas, mas vai um destaque para um evento apenas com peças do autor, ocorrido quando ele esteve aqui.

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