Eu teria infinitos motivos para me explicar e dizer o porquê demorei tanto para dar continuidade nas resenhas da “trilogia de quatro livros mais um” do Douglas Adams – “Guia do Mochileiro das Galáxias”. Mas, vou tentar explicar como o próprio autor diria, de acordo com a linguagem desses livros: Envolveu um problema de tempo-espaço, um curta-metragem, um elástico de cabelos e um pinguim de geladeira. E isso é tudo que vocês precisam saber. Vamos então ao que interessa: O segundo livro da série – “O Restaurante no Fim do Universo”.

Assim como o primeiro livro, Douglas Adams mantém o humor ácido, misturado com a costumeira crítica à sociedade. A história, que se passa em outro planeta e com diversas criaturas, é um espelho da nossa própria sociedade, com problemas de classe, econômicos e até mesmo neuras comuns à todos os humanos. Um exemplo disso pode ser visto no capítulo 8 do livro:

O principal problema – um dos principais problemas, pois são muitos -, um dos principais problemas em governar pessoas, está em quem você escolhe para fazê-lo. Ou melhor, em quem consegue fazer com que as pessoas deixem que ele faça isso com elas.

Resumindo: é um fato bem conhecido que todos os que querem governar as outras pessoas são, por isso, os menos indicados para isso. Resumindo o resumo: qualquer pessoa capaz de se tornar presidente não deveria, em hipótese alguma, ter permissão para exercer o cargo. Resumindo o resumo do resumo: as pessoas são um problema.

Então esta é a situação que encontramos: uma sucessão de presidentes galácticos que curtem tanto as diversões e bajulações decorrentes do poder que muito raramente percebem que não está no poder.

E, nas sombras atrás deles – quem?

Quem pode governar se ninguém que queira fazê-lo pode ter permissão para exercer o cargo?”

As, voltando à narrativa do livro e propriamente ao seu início, Arthur Dent e seus amigos terminam a aventura do “Guia do Mochileiro das Galáxias” e estão famintos. Decidem então entrar na nave Coração de Ouro e partir para o restaurante mais próximo. O que seria uma simples refeição acaba se tornando mais uma aventura, e o restaurante acaba por se tornar um dos mais eletrizantes shows que os olhos humanos (ou de qualquer criatura) podem ver – A explosão do fim do Universo.

Dentro da Nave Coração de Ouro, Arthur e seus amigos estão prontos para começar viagem, antes disso, Arthur pede uma xícara de xá inglês para a Nave, o que resulta numa paralisação total do sistema para executar a tarefa. Neste momento, naves Vogons (que destruíram a Terra no primeiro livro) encontram a Coração de Ouro e começam a atacá-la. Somente um pedido para o além pode salvar os tripulantes. E não é que milagres acontecem? Da forma mais irônica possível, mas acontecem…

A partir daí eles passam por vários lugares, incluindo a sede do “Guia do Mochileiro das Galáxias”, num grande prédio luxuoso. Zaphod e Marvin se separam do resto do time e, para os fãs do robô maníaco-depressivo, posso dizer que a história fica hilariante e sofrível. Para quem também gosta de teorias sobre a criação do Universo, também posso dizer que esse é o melhor livro da série para o assunto. Douglas Adams abusa das viagens temporais e teorias a respeito “da vida, universo e tudo mais”. Isso tudo sem mencionar o grande espetáculo narrado no fim do livro, na bolsa de espaço-tempo do restaurante Milliways – o “gnab gib”, como o autor define – o contrário de um Big Bang.

ADAMS, Douglas. O restaurante no fim do universo. Editora Sextante, 2006. 240 págs. Preço sugeiro: R$ 19,90

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