Confesso que, depois de muito preconceito, me rendi ao sucesso desse livro. Já ouvia falar dele há um bom tempo, vi que ele permanecia no topo dos mais vendidos e foi trazendo consigo outras obras do mesmo autor, mas no fundo pensava que era apenas um livro sobre uma história de amor, ou seja, “um livro de mulherzinha”. No entanto, depois de tanto ouvir elogios a “Querido John”, eu me perguntava: “afinal de contas, por que esse autor está dominando a lista dos mais vendidos?” Eu precisava conferir.

Para minha surpresa, descobri um ótimo romance, que está longe de ser “um livro de mulherzinha”. Até porque, apesar de tudo parecer dessa forma, “Querido John” é mais do que a história de amor entre um casal – é uma história sobre vida, amadurecimento, mudanças e o poder do tempo. É uma história de amor – muito bem construída, por sinal – mas é mais do que isso.

É uma trama daquelas em que você acompanha a vida dos protagonistas por inteira. O livro começa contando a história de John desde seu nascimento até o momento em que finalmente conhece Savannah. Mas até chegar a esse momento já se passaram umas 60 páginas. O autor consegue desenvolver muito bem essa história, e mergulhamos com interesse pela história do protagonista (narrada em primeira pessoa), sem que isso pareça enrolação para chegar ao ponto que interessa. Pelo contrário: o autor está construindo os personagens – não só John, mas também seu pai, que tem um papel importante em todo o livro. E ele constrói muito bem. Tão bem que as cenas aparecem facilmente na cabeça, exatamente como um filme. E não, ainda não vi o filme baseado na obra.

Há muitas passagens interessantes no livro. As diversas fases de um relacionamento sendo abordadas ao longo dos anos. A vida de John no exército. A doença e a morte do pai, narradas de uma forma emocionante. O triangulo amoroso do final, que nos faz ter dúvidas até a última página sobre como o livro terminará.

Na verdade, tanto quanto uma história de amor, o livro é também uma história sobre o relacionamento entre um pai e um filho, algo que eu não esperava. Desde a narração sobre o pai enquanto John ainda era criança, até os descobrimentos já adultos do rapaz, incluindo a doença de seu pai, todo esse relacionamento é tratado com muito cuidado. Acredito que esse tema de pai e filho é tão forte no livro que não se tornou apenas secundário, e é quase tão importante quanto o romance.

Sobre esse livro, resta dizer que ele me fez virar as páginas sem contá-las, algo realmente difícil, já que é algo comum para mim. A leitura é leve e flui muito naturalmente. É um livro que deve agradar tanto homens quanto mulheres. O final, ainda que certamente não agrade a maioria, foi original. É difícil falar sobre o livro sem comentar o final, mas acho que consegui. Certamente vou querer ler outras coisas do autor.

Sobre o autor: Formado em administração aos 21 anos, o catarinense Lodir Negrini é um leitor compulsivo desde sempre, e um escritor desde os 14 anos. Escreve contos, crônicas e resenhas de tudo o que lê. Devora qualquer livro, mas prefere escrever sobre o cotidiano. Está atualmente finalizando seu primeiro romance. Pode ser encontrado no twitter @LodirNegrini e no blog Lodir Negrini.

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