Rafael de Faria Cortez é jornalista, músico, ator e humorista brasileiro. Atualmente faz parte da equipe de jornalistas do programa humorístico Custe o Que Custar na Rede Bandeirantes. Além de diversos filmes publicitários, participou (entre os anos de 1998 e 2003) de produções independentes veiculadas nas redes CNT (TV Fantasia), Gazeta e Rede Mulher. Está no 12º episódio da série especial de Chico Buarque produção da R.W.R e Rede Bandeirantes, exibida em 2006 e comercializada para todo o Brasil. Em 2010 estreou como apresentador de rádio no programa Na Pegada da Metropolitana FM. Neste ano, Rafael lançará um CD com músicas apenas instrumentais que ele mesmo compôs. Com todo esse currículo, só faltava ele responder às 10 perguntas e meia do Meia Palavra!

1 – Você se candidatou primeiramente para ser produtor antes do CQC estrear, como foi que de produtor você virou repórter? Como faz para manter-se sempre tão afiado ao atuar como repórter pelo CQC?

Cheguei na entrevista de emprego com o diretor geral do programa e a diretora de produção e disse que tinha pensado bem… e que a vaga de produtor não me interessava, que queria a oportunidade de fazer o teste para repórter. O diretor então me disse que tudo bem, mas que eu deveria ir realmente bem… ou não me daria chance nem para ser cabo-man. Foi o tipo de pressão boa que me fez entrar nos testes mais concentrado e determinado.

Atualmente, minha maneira de me manter “afiado” nas matérias é seguir bastante minha intuição, tentar preservar a espontaneidade e, claro, conversar muito com a equipe sobre cada pauta, ler bastante, etc. Tô sempre de olho em tudo.

2- No CQC, a equipe de repórters provoca tudo e a todos e uma vez você até foi detido em Cannes. Qual foi a maior enrascada que você se meteu e como fez para se livrar dela?

Fui pego pelo chefe de segurança do presidente da África do Sul ano passado, em Johanesburgo, na Copa. Eu invadi o camarote do presida para falar com ele e seus convidados, como o Blater, Zidane, Desmon Tútu e o Mandela, se ele tivesse ido. Depois de uma ótima entrevista com o presidente, um muçulmano de 2,10 metros chamado Muhammed nos levou até um canto, confiscou nossas credenciais e queria nossa fita com todo o material gravado. Nós, obviamente, não íamos dar. Mas na hora em que ele nos disse que passaríamos a noite presos numa cadeia da África, eu e a equipe, tivemos de ceder. Foram 45 minutos de muita tensão e dias e dias seguintes para recuperar a fita e as credencias – elas vieram, mas nunca pudemos exibir minha entrevista com o Zuma.

3 – Como aprendeu violão clássico? Foi muito difícil aprender? Já pensou em dar aulas de violão?

Aprendi ao longo de anos de estudos muito disciplinados, com a Ledice Ferndes, inicialmente, e depois com Henrique Pinto e Edelton Gloeden. Depois, meio desanimado com o clássico, fui estudar um violão mais brasileiro e moderno com a Badi Assad. Foi muito boa essa experiência. E sim, foi muito difícil aprender. Só consegui passar da pior fase pq eu gostava – e ainda gosto – muito do instrumento. E sim de novo, já dei muita aula de violão. Tive uma fase em que quase vivi só de aulas; devia ter uns 10 alunos. Mas isso acabou e eu nunca mais quero lecionar.

4 – Em breve você lançará um CD instrumental, o que podemos esperar desse trabalho?

Algo verdadeiro, descompromissado com mídias e expectativas humorísticas. Na TV e nos teatros eu faço humor. Nesse CD, não há nenhum espaço para isso. É um disco intimista, autoral, emotivo e terapêutico, por assim dizer.

5 – O que toca no seu iPod enquanto você está na academia, Nara Leão ou Cartola?

Nara. Acho que sou o único cara que malha ao som de Nara, João Gilberto e violão clássico. Hj apelei: malhei ouvindo Milton Nascimento.

6 – Como repórter surgem diversas oportunidades para entrevistar ídolos, você já entrevistou alguém de quem era muito fã? Qual dos seus ídolos, vivos ou mortos, você gostaria de entrevistar?

Já entrevistei a Bethânia, de quem sou um fã devoto. E foi muito, muito ruim. Ela não gostou de uma piada minha e me deixou falando sozinho. Na hora me senti péssimo, e fiquei muito mal por semanas. Mas me orgulho, lembrando hj, de não ter “amarelado” com o princípio do meu trabalho só pq eu entrevistava uma ídola. Como repórter televisivo, o princípio do meu trabalho está no humor, obviamente. Há uma tendência de fazer bom-mocismo ou jornalismo de puxa-saco quando entrevistamos ídolos. Isso não é bom. Se eles são humanos como nós, tbm devem ser humanizados na comédia.

Ah sim… um ídolo que quero muito entrevistar? O maior, para mim: Chuck D, vocalista, fundador e líder de minha banda favorita, Public Enemy.

7 – E sobre a fama, o que você tem a dizer agora que é um rosto conhecido Brasil afora? Como fica o lado pessoal, família e amigos, com tantos compromissos?

Tenho uma agenda cheia e sou hiper-ativo. Isso não me ajuda muito a manter grandes laços com a família, amigos e mulheres. Sou muito feliz fazendo o que faço: tenho meus shows, eventos, o CQC, programa de rádio, lanço meu CD daqui e pouco… mas pouca gente aguenta esse meu ritmo, e eu me vejo muitas vezes bem só.

Hj tenho público para tudo que faço, um público que respeito e honro. Mas não me sinto mais importante que ninguém, e tenho plena consciência que isso tudo pode ser uma fase. Acima de tudo, não me levo a sério. As situações muitas vezes constrangedoras a que eu mesmo me sujeito no CQC, mostram isso. A consciência de todas essas coisas mantém meus pés no chão.

8 – De onde surgiu a oportunidade de gravar audiobooks de Machado de Assis? Quais autores são os seus favoritos?

Foi um convite da Sandra Silvério, editora da Livro Falante. Ainda nem havia CQC. Ela me chamou pois me viu numa peça infantil que eu fazia, e curtiu minha voz. Com a projeção do CQC, eu mesmo pedi que fizéssemos mais gravações, de modo a potencializar o audiolivro – que é algo pouco difundido no país.

Meus autores prediletos são Machado de Assis, Érico Veríssimo, Luís Fernando Veríssimo, José Mauro de Vasconcellos, entre muitos outros. E adoro os livros dos jornalistas Fernando Moraes, Ruy Castro, Caco Barcelos, etc.

9 – Você faz música e já fez teatro, mas e quanto a dança? Ouvimos dizer que você sabe algumas coreografias…

Eu danço muito mal. Só caio nessa roubada se estiver muito bêbado ou sem nenhuma noção de amor-próprio.

10 – Tem ainda alguma coisa que falta você realizar na vida?

Não posso morrer sem lançar um bom livro.

10 e 1/2 – Fight the…

Power!! O Public Enemy já disse isso muito antes da gente.