Ronnie Sinclair é uma oficial acostumada a trabalhar sob muita pressão e grandes crimes. No entanto, há um ano trabalhando na delegacia de Hollywood, ela se encontra cansada da rotina perturbadora. Aconselhada por seu ex-sargento, ela acaba decidindo pedir transferência para a Divisão de relações comunitárias de Hollywood, onde passa a trabalhar com Nate Weiss, também recém transferido, e o experiente Bix Ramstead. Os policiais que atuam neste departamento se auto intitulam corvos, por conta da sigla do departamento em inglês: CRO, que, quando pronunciada, se assemelha com a palavra corvo, em inglês, crow.

A Divisão de relações comunitárias é responsável por cuidar de pequenos casos do dia a dia que passam pelo DPLA. Para Ronnie e Nate, isso significava ter um pouco de paz no trabalho, mas aos poucos eles vão descobrindo que estavam enganados. Isso porque o caso da separação entre  Margot Aziz e o milionário Ali Aziz toma proporções e rumos inesperados.

Ronnie Sinclair  é  reconhecida pelo bom trabalho entre os profissionais do DPLA. Casada e divorciada duas vezes e, carregando um filho de cada casamento, ela se torna o tipo de personagem independente, forte e atraente. Enquanto isso, Nate parece ser uma piada pronta. Há 15 anos no DPLA, ele é uma espécie de conquistador barato, além disso, aspira a carreira de ator e, por isso, ganha o apelido de “Hollywood” Nate. 

Mas é justamente esse policial que conhece Margot Aziz e inicialmente traz o caso para o DP e, ao longo da narrativa, perde um pouco das características estereotipadas do início da história. O que acontece entre Margot e Ali não é apenas uma separação, mas sim um cuidadoso jogo de interesses em que um tenta passar por cima do outro ao longo da narrativa. Aos poucos, cada policial do DP é envolvido na trama, que também ganha grandes cargas de violência, política e escândalos midiáticos.

No entanto, o grande foco do livro não são os atores ou o grande crime do casal Aziz. Na verdade, tudo que conhecemos dos personagens é o que será mínimo necessário para entrarmos na trama e realidade criminosa. O foco é, assim, o DPLA. O objetivo do livro é expor a as lutas enfrentadas pelos oficiais e o submundo de Los Angeles e revelar a visão da polícia sobre o assunto

Wambaugh também nos mostra, entre os crimes e realidade do DP, o funcionamento de Los Angeles. O lugar não poderia ser mais próprio para uma narrativa policial, já que possui ritmo alucinante, além do choque multicultural, onde grandes estrelas do cinema vivem lado a lado com espanhóis, imigrantes da Guatemala, roqueiros, surfistas e trapaceiros. Com tudo isso, temos um local interessante onde um crime muito bem traçado nas linhas de Wambaugh nos é apresentado. O único ponto contra que eu colocaria é que, em alguns momentos, senti quebras de narrativa que incomodaram.  

Por fim, vale ressaltar que esta não é a primeira vez que  Wambaugh escreve sobre a vida de policiais atuando na capital mundial do cinema. Wambaugh é ex-sargento do Departamento de Polícia de Los Angeles e, em 2006, com Hollywood Station, já havia trabalhado a temática dos Corvos e do dia a dia de trabalho no DPLA. Além desse título, Hollywood Moon e Hollywood Hills, ainda não traduzidos para o português, completam a série de livros sobre essa temática.

Título original: Hollywood crows
tradução: Alexandre Raposo
páginas: 416
preço: R$52,90

Saiba mais sobre essa e outras obras no site do Grupo Editorial Record