Nunca fui um fã-fanático, um cego que idolatrava o quarteto Page, Plant, Bonham e Jones, contudo sempre que ouvia suas músicas na rádio ou queria música pesada e dançante – as minhas favoritas – colocava Led Zeppelin na radiola. Muito da história da banda eu conhecia através de pequenos documentários apresentados na MTV quando ainda rolavam os “Fim de Semana Especial – coloque uma banda aqui” que contavam um pouco sobre algum álbum específico ou um concerto que tenha sido um sucesso. E claro que os emblemáticos hinos como All My Love, Rock n Roll e Stairway to Heaven eram sempre os destaques.“Whole Lotta Led Zeppelin – A história ilustrada da banda mais pesada de todos os tempos”, copilado pelo jornalista Jon Bream e lançado pela editora Agir três anos após o lançamento oficial, fala sobre os hinos e sobre os riffs com resenhas apaixonantes de cada um dos 9 álbuns (escritas por diversos “especialistas”), datas das turnês, críticas a alguns shows, a personalidade perfeccionista de Jimmy Page, mini-biografias e fotos – muitas fotos. Nem todas são inéditas ou extremamente raras, muitas, na verdade, podem ser encontradas no Google, mas a impressão e a disposição que se dão nesse livro-almanaque o tornam ainda mais convidativo para a leitura. Como as imagens são destaques, é necessário frisar que muitas páginas do livro contém depoimentos de diversos músicos que consideram o Led Zeppelin uma das maiores bandas de todos os tempos. Entre a lista de citadores estão os músicos Kid Rock, Dave Grohl, Chris Robinson, Ray Davies, Lenny Kravitz, Ritchie Sambora, Tom Morello, o jornalista Nick Hornby e o cineasta Cameron Crowe, entre muitos outros.

Leitura que não é romanceada, nem parcial – dois erros quase capitais em “Mais pesado que o céu”, sobre Kurt Cobain – , aliás, Bream é tão imparcial que não nega que um show que viu do Led Zeppelin estava aquém de suas expectativas e que o próprio líder da banda, Page, tentava provar a cada nova apresentação que a banda poderia ser muito melhor do que aquilo que os críticos viram. Os pequenos textos ajudam o leitor a viajar mais pelo conteúdo estético (ingressos de concertos clássicos, posters de turnês, camisetas, capas de álbuns e singles e bottons) e pelo material fotográfico do que pela própria narrativa, pois, provavelmente, grande parte do fãs já conhecem todas aquelas histórias.

Para os não fãs, mas admiradores discretos do quarteto, é possível se deliciar com Jon Bream contando como surgiu a ideia de Jimmy Page, músico de estúdio, para montar uma banda extraordinária, intercalando com falas do próprio guitarrista em diversas entrevistas cedidas – uma das entrevistas mais surpreendentes é a do guitarrista com o repórter William S. Burroughs. Outros dois destaques é trazer para a luz algumas histórias do enigmático John Paul Jones – baixista que preferia criar bases sólidas ao ser extravagante – e explicar de onde vieram os famosos símbolos que estampam a capa do quarto álbum da banda e o que cada um representa.

Há as curiosidades musicais, análises de letras e melodias que tentam desvendar o poder místico dos acordes de Jimmy Page, da voz de bluesman de Robert Plant ou da máquina de ritmo que era a bateria de John Bonham – único membro que veio a falecer e com isso culminar no fim da banda que durou, oficialmente, 12 anos (1968-1980), com reuniões em 1985, 1988, 1995 e último na O2 arena, em 2007 (contando com o filho de Bonham na bateria). Para muitos fãs de Tolkien não é de se surpreender que músicas como Ramble On, The Battle of Evermore e Stairway to Heaven são inspiradas em O Senhor dos Anéis.

Com um esforço incrível de Jon Bream, que comprou diversos itens de colecionadores para transformar esse trabalho de uma biografia para um álbum entrecortado e cheio de vozes apaixonadas pelo quarteto britânico, “Whole Lotta Led Zeppelin – A história ilustrada da banda mais pesada de todos os tempos” é um chamariz aos olhos de qualquer fã de rock and roll e também um ótimo aperitivo para revisitar cada trabalho da banda que é considerada por muitos especialistas e não-especialistas como os “Deuses do Rock”.