É possível que eu tenha me esquecido de mandar no dia certo. Mas o importante é o comentário sobre os filmes, então vamos lá.

A Moça e os Médicos – Em 2009, Axelle Ropert dirigiu o simpático e surpreendentemente bom Família Wolberg, um dos finalistas ao prêmio do público na Mostra. O filme era despretensioso, mas os personagens eram cativantes e bem desenvolvidos, e o roteiro simples era suficiente para envolver o espectador. A Moça e os Médicos falha justamente onde o longa anterior funcionava melhor.

Os personagens são simpáticos e se desenvolve um carinho genuíno por eles, no entanto permanecem mal desenvolvidos, suas histórias são mencionadas de passagem, mas nunca vão para o lugar nenhum. No final, é um filme agradável, mas sem qualquer profundidade e com uma narrativa solta demais para funcionar.

O Idiota – Não é uma adaptação do romance de Dostoiévski, mas os protagonistas se parecem profundamente. Dima é um estudante de engenharia que trabalha como encanador e ao descobrir que um prédio irá desabar por descaso da prefeitura, decide mobilizar toda a administração para salvá-lo.

É um filme sobre a profunda corrupção da Rússia, algo tão entranhado e tão explícito que parece pouco crível. É também sobre a punição da virtude em um país que parece sempre caminhar para a crueldade. O Idiota é angustiante, claustrofóbico, intenso e um dos primeiros sinais de que o cinema russo mostra uma vitalidade que não tinha desde os primeiros filmes de Sokurov.