A Páscoa é um feriado cristão que comemora a Ressurreição de Cristo. Antigamente a tradição era pintar ovos e escondê-los para as crianças acharem, todavia nos tempos de hoje o coelho e os ovos de chocolate são o grande atrativo desse feriado e nós do Meia Palavra indicamos leituras para lembrarmos desse feriado e de seus personagens principais. E feliz páscoa!

Luciano: Barrabás (Pär Ingve Lagerkvist)- A pascoa cristã é a respeito da morte e ressurreição de Jesus Cristo. Quando ele morreu, entretanto, conforme o costume da administração romana da Palestina, um prisioneiro era liberto no feriado do Pessach- a páscoa judaica. E o escolhido foi o ladrão e assassino Barrabás. Depois de sua libertação Barrabás é praticamente esquecido. Lagerkvist traça em seu livro uma possível história para esse homem: ao invés de contentar-se com sua sorte, considera que teve a morte ‘roubada’- o que só piora quando descobre que o homem que morreu em seu lugar é considerado um deus.

Pips: Carta a uma Srta. em Paris (Julio Cortázar): Quando eu era pequeno tinha uma inveja sem tamanho de uma prima minha que tinha um coelho branco. Na páscoa ela soltava o bicho para tentarmos encontrá-lo, quem conseguisse ganhava o Ovo de Páscoa mais gostoso do dia. Entretanto, depois de ler esse conto fiquei com vontade de vomitar coelhinhos. Isso mesmo, comprar coelhinhos? Achá-los numa estrada? Jamais. Aqui enfia-se dois dedos quando sente que vai vomitar um, puxe as orelhas e os tire da garganta. Sua páscoa estará completa com 10, quem sabe 11 pulando pelo parapeito da janela.

Kika: O Homem que se Tornou Deus (Gerald Messadié): Este católico declarado causa furor na França, por sua maneira pouco ortodoxa de abordar o tema que é o foco desta época do ano: Religião. Neste livro conhecemos um Cristo mais homem que santo, com rivais poderosos, amigos influentes, e um discurso arrebatador. Explica ainda as diversas facções do judaísmo do século I, costumes da época, um retrato vívido de um Jesus que poucos conhecem. Vale lembrar, que o livro é um romance, não pretende ser histórico, apesar da formação de seu autor. É uma excelente obra para pensar em suas atitudes, e quebrar alguns paradigmas, seja você religioso ou não…

Liv: Alice no País das Maravilhas (Lewis Carrol): “De olhos vermelhos, de pêlo branquinho, orelhas bem grandes eu sou o coelhinho…” É mais ou menos isso que diz a cantiga. Pois bem, eu cito Alice no País das Maravilhas, por causa, é claro, do coelho. Aliás, esse é o mais anti-coelho da história. Cadê a barriga grande por ter comido uma cenoura com casca e tudo? Talvez Tim Burton com suas ideias freaks respondam essa questão, mas enquanto isso, Feliz Páscoa com muito Johnny Depp pra todos nós.

Tiago: El Gaucho Insufrible (Roberto Bolaño): se os cristãos comemoram na Páscoa a volta de seu salvador, Bolaño retraça a descida aos infernos da literatura latino-americana, nesse conto pateticamente mundano. Nele, o advogado que ensina a Bíblia a uma família de caseiros no interior da Argentina, sendo ao fim crucificado por eles, como acontece em “São Mateus” de Jorge Luis Borges, é substituído por um juiz idealista, absolutamente entediado, que após a crise financeira dos anos 2000, resolve se recolher nos Pampas. Esses Pampas já não são os dos fortes, daqueles que domam bois e laçam novilhos: é um pasto de covardes, assustados por singelos coelhinhos canibais, que substituíram todo o gado. Ninguém é sacrificado aqui, e todos os personagens são bons moços (principalmente os empregados de Héctor Pereda, nosso juiz, que mesmo não sendo pagos, seguem-no fielmente, deixando sua casa portenha pronta para a sua Volta). Ao fim, é só o poeta de rua que tomba, assassinado.

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