Uma decepção. Depois de ver excelentes adaptações cinematográficas de seus livros e de ouvir falar muito bem de Chuck Palahniuk, quando comecei a ler Monstros Invisíveis, era assim que ele me soava. Não me parecia o autor cativante e inteligente que eu esperava. Ao contrário, pareceu jogar fora ótimas ideias com clichês ridículos e e uma história totalmente previsível.

Mas eu me enganei. Em Monstros Invisíveis nada é o que parece. Nada mesmo. Por isso os clichês… Não eram clichês. Pareciam, mas depois mudaram de tal forma que era ridículo pensar em usar tal denominação. A história previsível… Bem. Sofreu reviravoltas absurdas. E as ideias que pareciam jogadas de forma explícita demais… Mostraram ser de um outra natureza.

O livro conta a história de Shannon, uma modelo. Ou melhor, ex-modelo: ela sofre um acidente em que perde a mandíbula. Enquanto tenta juntar o que sobrou de sua vida, ela conhece Brandy Alexander, uma rainha do glammour construída artificialmente através de centenas de cirurgias plásticas. Junto com um homem- que talvez ambas amem- elas viajam roubando comprimidos de mansões à venda e reinventando-se a cada parada.

Isso parece simples, até banal. A crítica a sociedade de consumo parece óbvia a cada página. A cada página grita-se contra a ditadura da estética. Talvez tenha sido isso que me perturbou quando comecei a ler o livro. Mas isso é apenas a superfície: em sua profundidade o livro trata de relações humanas muito mais complexas do que essas, mas que sofrem a interferêcia dessas coisas (como todo o resto). E tudo isso com um humor mordaz e uma bela dose de cinismo.

Apesar do susto inicial, eu consegui, finalmente, entender porque as pessoas gostam tanto de Palanhiuk.

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