Eu li já a respeito de Gen’Ichiro Takahashi ser considerado como um autor ‘pós-contemporâneo’. Acho isso um pouco exagerado, mas talvez a ideia tenha sido exprimir a bizarria contida em seu trabalho.

Isso, porém, não deve ser tomado como algo negativo: é uma estranheza completamente propositada, que Takahashi usa para discutir a literatura e o mundo pós-moderno em que vivemos, junto com as relações que advém disso.

Em Sayonara Gangster ele cria um universo em que as pessoas não tem mais nomes, depois de brigarem com a ideia de nome, decidiu-se que o único nome que teríamos seria aquele dado por nossos amantes. A morte também tornou-se diferente: recebe-se uma carta da prefeitura e deve-se caminhar ou ser carregado até o cemitério mais próximo, no dia e hora marcados.

Nesse cenário que se aproxima da ficção científica ele nos apresenta a Sayonara Gangster, um professor de poesia numa escola de poesia, e Song Book, sua amante. Junto com eles vive Henrique VI, um gato falante viciado em coquetéis de leite com vodca e viciado em contos de Thomas Mann- que, depois de muito procurar, Sayonara descobre nunca ter existido e escreve contos como ‘John Lennon contra os Marcianos’ e assina com esse nome, apenas para satisfazer o gato.

Os alunos de Sayonara são deveras peculiares, como o poeta romano Virgílio, transformado em refrigerador após uma noite de farra com Ovídio e o Nada- que quase o mata com sua falta de forma.

Sem dúvida é uma história difícil de acompanhar, não por ser complexa (apesar de o ser), mas pela dificuldade que pode ser aceitá-la. É, porém, um livro interessantíssimo, em que existe até mesmo uma nesga de romance- sem contar o espaço para a meta-análise, já que o professor de poesia afirma várias vezes não saber o que é poesia.

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