Você assinaria embaixo dessa demanda?!
Desde que ganhei um Kindle, em junho do ano passado, faço visitas regulares à Kindle Store e acompanho as evoluções na disponibilidade e preço dos títulos disponíveis na Amazon e em outras lojas que comercializam e-books ou que os disponibilizam gratuitamente (desde que não se trate de pirataria).
Faço isso principalmente por curiosidade, pois em termos de compras estou em geral amarrada à Amazon, porque o Kindle não é amigo de outros formatos que contenham DRM. Mas se alguém aí souber de e-books vendidos em ePub ou PDF e que não contenham DRM, por favor, me contem!
Voltando aos resultados de minhas investigações na Kindle Store, é importante comentar que em pouco menos de um ano o volume de títulos publicados em Português cresceu tremendamente (afirmação também válida para publicações em espanhol). Hoje (precisamente dia 01/05/2011) são mais de dois mil títulos. Claro, não estamos falando apenas de literatura, pois temos aí desde a Constituição Federal, dicionários e uma série de manuais sobre assuntos esdrúxulos.
A maioria dos títulos disponíveis em português na categoria literatura pode ser agrupada em: publicações de autor (há autores com cerca de 100 títulos publicados! Casos que por si só mereciam um estudo em termos de estratégia editorial ou de mercado, mas este não é meu nicho); clássicos (muitas vezes disponíveis em diversas publicações talvez com melhor qualidade) que já caíram em domínio público e bestsellers.
Mas se você está procurando um volume significativo de autores de peso da literatura mundial em nossa estimada língua, vai ter de procurar bastante e se contentar com pouco ou se conformar com algumas versões em espanhol. E isso é um pouco difícil de entender, a não ser que consideremos nossa péssima fama enquanto consumidores de literatura. Aprofundemo-nos um pouco: tem sentido o Saramago não estar disponível em português na Amazon? E em nenhuma outra língua, aliás, pois encontrei apenas uma versão em audiolivro do Ensaio Sobre a Cegueira? Também não há ainda títulos de Cristóvão Tezza, Mia Couto, Jorge Luís Borges, García Marquez, Philip Roth, Javíer Marías, Roberto Bolaño e Anton Tchekov, apenas para exemplificar ausências muito significativas.
Alguns desses autores estão publicados em e-book, mas geralmente em inglês, e outros sequer nessa língua estão disponíveis na Kindle Store (embora estejam na Amazon.com no formato impresso). Na Livraria Cultura e na Saraiva (percebi que não há diferença entre os títulos ofertados em um ou outro site) temos apenas o Caim, do Saramago (por R$ 27,50, enquanto a maioria dos livros na Kindle Store fica abaixo de US$6,00 – alguns na faixa dos 2 ou 3, na verdade).
A Submarino (+ Gato Sabido) cita mais de 3 mil títulos em português, mas valem os mesmos comentários para preços e ausências de nomes importantes.
A Simplíssimo oferta uma bom acervo de autores independentes e clássicos, cuja nota a ser feita diz respeito aos ótimos preços e à qualidade dos arquivos (ao menos para leitura no Kindle e no Alfa, outros dispositivos eu não testei).
Então, a pergunta que não quer calar, o que as editoras estão esperando para disponibilizar também títulos para este segmento de consumidores? Será uma questão relacionada à expectativa baixa de retorno financeiro ou à convicção de que leitores deste nicho de mercado não pretendem aderir tão cedo à nova tecnologia?
Sobre a autora: Maurem Kayna é gaúcha, Engenheira Florestal, baila flamenco e tem profundo interesse por literatura desde criança. Além de leitora tão voraz quanto permita o tempo, há algum tempo se aventura na escrita e, por conta de alguns destaques recebidos em concursos na web ou em meio impresso chegou ao atrevimento da publicação independente do e-book Pedaços de Possibilidade. No blog homônimo ao livro tenta provocar a discussão acerca dos e-books no Brasil e divulga contos seus e, eventualmente, outras discussões sobre literatura.
Pois é… Me faço sempre a mesma pergunta…. Mas todo dia tem chegado boas novidades na Gato sabido, onde trabalho e a nossa luta por bons títulos continua. Conheço pessoas que conseguem ler seus livros com DRM no Kindle… dá uma pesquisada na Publishnews…
Beijão e parabéns pelo ótimo assunto abordado.
Camila, sei que há como quebrar DRM, mas não fiz isso ainda por dois motivos: por um lado, isso é ilegal, de outro, não sou lá muito hábil com isso, mas estou há tempos querendo dedicar-me a aprender como fazê-lo. Vou insistir em abordar o assunto por puro interesse mesmo… tanto como autora como por ser consumidora e achar o dispositivo de leitura muito prático. Abração.
Excelente o seu texto, além de ter sido publicado num momento certo.
A verdade é que no Brasil um empresário deseja ganhar muito dinheiro com um produto. Não se contenta com menos de 100% de lucro real. Contudo, então, os preços saem exorbitantes.
Não entendo o porquê de, no Brasil, o livro ser tão caro!!!
Aliás, entendo sim, USURA!
ABRAÇOS
GUSTAVO
Oi Gustavo, acho que há mais razões do que estas (sem desconsiderar a que apontas). Outras 2 que me ocorrem são o nosso regime tributário e o quão poucos leitores temos para alavancar as vendas e fazer com que o ganho se dê pela escala. Mas vou seguir insistindo no assunto até as editoras acordarem. Obrigada! Grande abraço.
Na verdade a Amazon entrou em contato com as editoras brasileiras pra ter livros em português na Kindle Store, e NENHUMA delas aceitou. E não foi por falta de vontade, foi porque as condições que ela ofereceu eram absurdíssimas (pense: se fosse só falta de vontade, se as condições não fossem REALMENTE ridículas, pelo menos uma editora ou outra haveria concordado).
A verdade é que a Amazon é uma empresa monopolista, e não se importa em passar rasteira em ninguém. As editoras americanas também não gostam de negociar com ela, mas o fazem porque é necessário.
Tanto isso é verdade que ó >> http://exame.abril.com.br/negocios/empresas/noticias/editoras-de-livros-se-unem-contra-a-amazon
Logo a Amazon terá que rever seus conceitos.
E eu espero mesmo que revejam, ou que ganhem fortes concorrentes. Não fosse a excelente qualidade do Kindle, lamentaria muito essa relativa prisão ou prioridade de compra na amazon. Ou melhor… mesmo com a excelente qualidade do leitor… é lamentável sim depender do site deles para compras até que eu desenvolva certa habilidade para quebrar DRM’s.
Oi Maurem.
Ótimo texto. Há tempo que estou pensando em comprar um kindle mas não conheço ninguém que tenha para que eu possa tirar minhas conclusões sobre ele.
Você está satisfeita com o Gadget?
Tirando esse problema de falta de e-book no mercado você acredita que tenha feita uma boa aquisição??
Abraços.
me atravessando aqui, mas só para dar a dica. tem dois artigos avaliando o kindle aqui no meia palavra mesmo, dá uma olhada:
http://blog.meiapalavra.com.br/2010/10/17/kindle-3-avaliacao-de-um-leitor-compulsivo/
http://blog.meiapalavra.com.br/2010/09/18/test-drive-kindle-3/
Muiiito obrigado Anica, definitivamente você me convenceu a comprar um Kindle.
Oi Leonardo, demorei a responder, mas fecho com o que já foi dito. O equipamento é ótimo mesmo. Abraço!
Há pouquíssimos títulos disponíveis em português, mesmo os que já se encontram em domínio público. Uma lástima…