Antes de começar a ler ‘‘Hell’s Angels’’ fiz uma pesquisa sobre o autor da obra, Hunter S. Thompson, que desde então só aumentou minha vontade de ler logo. Olhando superficialmente o livro, notamos que ele aborda um tema polêmico que causou muitas conturbações na época relatada, sobre o estranho fenômeno das gangues de motoqueiros, com destaque especial aos Hell’s Angels, o grupo considerado mais fora de lei, que gostava de implantar o caos por onde passava.

A capa estampa o perfil malévolo do livro, daí as primeiras conclusões que se podem tirar é que, sem dúvidas, se trata de um livro tenebroso, ou melhor dizendo, barra pesada, digo melhor por que lendo a primeira página da obra você já percebe qual a linguagem abordada daí, outra conclusão, ele é literal e intenso, contribuindo mais ainda na vontade de devora-lo.

Ao procurar informações sobre o autor pude dar mais credibilidades à obra, pois Thompson foi o pioneiro no jornalismo gonzo – que consiste em um maior aprofundamento na matéria desejada, exigindo um tempo maior de aplicação na pesquisa (semanas, meses, anos), fazendo com que haja um forte envolvimento do jornalista com o objeto de estudo – H. Thompson esteve entre os Angels e tem autonomia suficiente para nos passar boas informações em sua obra, deixando claro e óbvio todas as verdades que perduravam na década de 60. Ele se preocupa mais em mostrar dados, reportagens e notícias que circulavam na cidade, relatando jornalisticamente os acontecimentos, deixando um pouco de lado a escrita sensacionalista literária e se focando mais nos fatos e suas repercussões, deixando sua obra com fortes características de um documentário, o que aumenta o valor documental de sua obra em diferentes épocas.

O livro mostra a rotina dos motoqueiros, a vida pessoal de alguns, o que se passava na cabeça deles, seus trajes típicos e suas aparências físicas. Barbudos, cabelos grandes, os novatos eram submetidos a tatuar o corpo, montados na harley 74 corriam sempre em bandos com suas jaquetas de couro sem mangas com o desenho de uma caveira e o local de origem costurado na parte detrás.

A obra fornece muitos detalhes e acontecimentos caóticos, mostrando as consequências e as tentativas de providências que se eram tomadas, mas o livro aborda muito mais que fortes emoções vivenciadas pela população e pela gangue, ele mostra o poder que a mídia exerce sobre a sociedade, desvendando a outra face que ela possui; exibindo a imprensa como, muitas vezes, maléficas, pois ela tem o poder de manipular a massa e a livre construção de fatos, se importando apenas com a aceitação de suas ‘verdades’ dentro da sociedade, estando muitas vezes unicamente em suas mãos o dever de exibir a imagem de certo acontecimento para toda a população. A acessória de impressa acaba publicando matérias que não possuem bases verídicas, seus elaboradores estando muitas vezes mais preocupados com a venda de seu produto e a boa repercussão com o público.

Narrações em primeira pessoa, vertentes algumas vezes favoráveis aos Angels – afinal de contas o autor da obra viveu entre eles – tentando justificar o motivo de tanto caos que se propagava, descrição de estupros, bebedeiras e brigas de maneira passiva e natural, temática polêmica abordada e grande impacto sobre a sociedade, basicamente isto que se é encontrado dentro da obra titulada ‘‘ Hell’s Angels ’’ escrita pelo americano Hunter S. Thompson em 1966.

Hell’s Angels
Tradução: Ludimila Hashimoto
352 páginas
Preço Sugerido: R$ 22,00

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Sobre a autora: Giovania Alencar cursa jornalismo, primeiro semestre. Acredita na ironia do destino, que tudo depende do referencial e que tudo tende ao caos. Admira o complexo e o simples. Acredita fielmente que todo mundo seja hipócrita. Gosta de leituras macabras e sombrias, mas um romance ou drama que fazem chorar às vezes cai bem. Adora escrever. A melhor coisa que uma pessoa pode fazer à outra, é inspira-la.

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