A prática da tatuagem é algo bastante antigo, que remonta, talvez, a 2 ou 4 mil anos antes de Cristo, de quando quando datam evidências arqueológicas de tatuagens feitas pelos antigos egípcios e também pelos aborígenes da Oceania.

Apesar de nos últimos anos ser algo mais aceito, tradicionalmente nossa sociedade vê os indivíduos tatuados com maus olhos, associando-os à violência, drogas e vandalismo. Isso obviamente nem sempre (quase nunca) é verdade mas, ao mesmo tempo, não se pode negar que alguns grupos anti-sociais utilizem tatuagens como forma de reconhecimento e, até mesmo, de hierarquia.

Entre esses estão os criminosos e presidiários russos. Em uma tradição solidamente estabelecida, que começa nos tempos do Império Russo e continua até hoje, as tatuagens dos criminosos russos possuem um complexo sistema de simbologia e um forte teor de desafio ao sistema- seja ele tzarista, soviético ou putinista, sempre foi considerado um tanto injusto por algumas camadas da sociedade, especialmente as mais baixas e de etnia não russa.

Danzig Baldaev possui nacionalidade russa, mas é descendente de mongóis e khazares. Alguns de seus antepassados viveram nas temidas prisões imperiais e soviéticas, então essas tatuagens são algo com o que ele conviveu. Aprofundando-se mais nesse tema, Baldaev acabou publicando ‘Russian Criminal Tattoo Encyclopaedia’- que, como o nome diz, pretende ser uma enciclopédia sobre o tema.

Apesar disso, acredito que o nome mais adequado seria ‘atlas’, já que o livro sustenta-se mais a partir de ilustrações e fotografias do que em textos explicativos- que não deixam, porém de estar presentes, explicando o significado mais comum de cada uma das tatuagens apresentadas.

São três volumes, com mais de 3 mil tatuagens. Imagens de igrejas, suásticas, demônios, cenas de sexo e retratos de Stálin, Lênin, Marx, Jesus Cristo e Al Capone são algumas das figuras recorrentes, com significados dos mais diversos- geralmente indicando a hierarquia do tatuado no sistema prisional, os motivos de seu encarceramento e sua infelicidade com a Rússia.

O primeiro e o terceiro volume são bastante fáceis de se encontrar, o segundo, porém, é uma raridade- o que o torna bastante caro. Mas mesmo um único volume já é bastante interessante para quem se interessa pelo tema, hoje já presente na cultura popular (no filme de 2007 de David Cronenberg Eastern Promises- Senhores do Crime, no Brasil- e no livro Educação Siberiana, de Nikolai Lilin).

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