Existe um grande número de imigrantes oriundos do leste europeu vivendo na Inglaterra. Os eslavos, que antes vinham em massa para as Américas, passaram, na segunda metade do século XX a frequentar lugares mais próximos de suas terras natais.

A primeira grande leva aconteceu logo depois da Segunda Guerra Mundial. Recém libertos do julgo Alemão, alguns decidiram não viver sob a égide Soviética, e migraram em massa para a Europa Ocidental.

Esse grupo, já em sua terceira ou quarta geração, foi confrontado com uma nova onda de migrantes com as mesmas origens, agora atraídos pela economia mais forte (talvez menos frágil seja o termo adequado) e pela atual facilidade de se cruzar fronteiras no velho mundo. E é nesse cenário que a escritora inglesa de origens ucranianas, Marina Lewycka, constrói seu debut, Uma breve história dos tratores em ucraniano.

O livro – de nome peculiar, que faz com que as livrarias menos organizadas o deixem junto com livros técnicos (acreditem, foi o caso quando eu o comprei) – conta como Nadezhda e sua irmã lidam com o fato de que seu pai, um engenheiro aposentado de 86 anos que nasceu na Ucrânia, está prestes a se casar com Valentina, sua compatriota meio século mais jovem, que tem objetivos bem definidos e seios fartos.

Enquanto as irmãs relembram o passado e esquecem escaramuças que as tinham afastado para tentarem evitar que Valentina se aproveite de seu pai, o velho escreve seu livro – uma história sobre a evolução dos tratores no mundo e, especialmente, em seu pais natal.

O livro é bastante engraçado e tem um quê de filme indie, mas não disfarça a discussão política e humana sobre a migração dentro da própria Europa: por um lado Valentina é uma aproveitadora, mas, por outro, o casamento é a única chance que ela tem de fazer o que a família de Nadezhda fez e aproveitar as condições oferecidas pelos países do ocidente.

Uma breve história dos tratores em ucraniano

de Marina Lewycka, traduzido por Marina Slade

323 páginas

R$ 39,00

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