Em 1937, os irmãos Andras e Tibor estão celebrando uma noite especial em Budapeste. O mais velho deles, Tibor, presenteia Andras com ingressos para assistir uma ópera no Operahaz, evento inédito e marcante em sua vida. Após o espetáculo, os dois discutem sobre “Tosca”, de Puccini, falam sobre expectativas de suas vidas e cidade natal, Konyár. Os dois revelam nesses gestos toda a cumplicidade e carinho que sentem um pelo outro. É assim que A ponte invisível, primeiro romance de Julie Orringer, se inicia.
Andras está partindo de Budapeste para estudar arquitetura em Paris, graças a uma bolsa de estudos da Ecole Speciale d’Architecture, enquanto seu irmão mais velho ainda tenta juntar um pouco de dinheiro que resta para poder se mudar para Itália e estudar medicina. Distante dos dois, em Konyár, está Matyas, irmão caçula da família judaica. Na narrativa, vemos que os três irmãos não terão apenas que enfrentar a distância física entre eles, mas sim algo muito maior: O nazismo que começa a crescer até a eclosão da Segunda Guerra Mundial.
Antes de partir, Andras, personagem principal da história, é encarregado de enviar uma carta. A “missão” acaba fazendo com que ele conheça o boêmio Józef Hász, além de uma professora de dança chamada Klara, nove anos mais velha do que Andras, e se apaixonam. A carta, assim como Klara, tomam proporções grandes e que mudam a sua vida. À medida que o Nazismo cresce e a Guerra se inicia, Andras e Klara precisam retornar para à Hungria para as frentes de trabalho.
A ponte invisível é uma narrativa bastante extensa. Em muitos momentos, a leitura é atravancada e exige bastante atenção do leitor, por conter muitos detalhes históricos e usar muitas cidades e países europeus como cenário. Esses detalhes e interrupções para explicações da Guerra também quebram o ritmo dos acontecimentos, mas nem por isso tornam o livro massante, pelo contrário, são recursos necessários para o bom entendimento da trama.
Como ponto forte do livro, destacaria o desenvolvimento das personagens. Nesse sentido, não só os personagens principais são carismáticos, mas também os secundários despertam interesse e surpreendem. Józef Hász, por exemplo, que no início da narrativa é quase desnecessário, torna-se perigoso no decorrer da história. Não só os personagens, mas o próprio decorrer dos dias são construídos de forma instigante. Julie Orringer sabe direcionar as pequenas casualidades do cotidiano para algo maior.
Por fim, acho que A ponte invisível é um livro ideal para se ler com calma, aproveitando cada página da prosa que Julie Orringer tem a oferecer. Andras é um personagem encantador, além disso, a narrativa mistura pontos de vista detalhados e cruéis sobre a Segunda Guerra e, ao mesmo tempo, mostra o envolvimento amoroso dos personagens principais e a força familiar.
Título original: The invisible Bridge
Tradução: Rubens Figueiredo
Preço: R$74,00
Páginas: 728
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