O norueguês Jon Fosse (nascido em 29 de Setembro de 1959) é autor de livros infantis, romances, contos e poemas. Mas é como dramaturgo que é mais conhecido, sendo considerado um dos mais importantes da contemporaneidade. Além disso Fosse é um dos principais expoentes da literatura em Nynorsk, ou ‘novo norueguês’, uma variante do idioma falada no oeste do país.

Estreou em 1983 com a novela ‘Raudt, svart’ (‘Vermelho, preto’). Em 1994 sai sua primeira peça, ‘Og aldri skal vi skiljast’ (‘E nós nunca iremos nos separar’).

‘Nokon kjem til å komme’ (‘Vai vir alguém‘), peça de 1996, é uma de suas primeiras obras para o teatro, mas é um bom exemplo da poética do autor: ainda utiliza de rubricas, que praticamente abandonou com o tempo, mas já fragmenta o texto de modo a ter um ritmo próprio no qual a sonoridade é tudo.

O mote é simples: um homem e uma mulher, casados, abandonam a cidade para viverem em isolamento- para que tenham um ao outro e apenas isso. Um terceiro personagem, um homem bonito mas vulgar, antigo dono da casa em que agora moram, surge para perturbar sua paz.

A estrutura repetitiva e quebrada aprofunda a idéia de solidão do homem que, bastante seguro no início, parece trocar de lugar com sua esposa, e tornar-se o elo frágil da relação.

Fosse,de modo confesso, buscava em ‘Vai vir alguém’ uma atmosfera de recolhimento, de isolamento, de profundo silêncio. E conseguiu fazê-lo de modo surpreendentemente musical.

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