1. O Nobel de literatura de 2010, Mário Vargas Llosa, no último dia 08, pediu para que Pedro Pablo Kuczynski abandone a sua candidatura à presidência do Peru, em benefício do ex-presidente Alejandro Toledo. Llosa tem a nobre intenção de evitar que Ollanta Humala ou Keiko Fujimori vençam as eleições, o que- segundo ele- seria uma catástrofe para o Peru. Kuczynski recusou.
2. Traduzido para inglês, francês, espanhol e alemão, o escritor brasileiro Raduan Nassar abandonou a literatura para dedicar-se integralmente à produção rural. Diz-se que seus interesses atuais são carneiros ou galinhas, não sei ao certo. Rimbaud fez a mesma coisa, mas foi tornou-se mercenário e depois vendedor de armas na África.
3. Joseph Dzhugashvili foi jovem poeta georgiano considerado uma das grandes promessas da poesia no final do século XIX. Seu afã poético, no entanto, durou pouco: apenas entre 1893 e 1896. Abandonada a poesia, Dzhugashvili dedicaria-se ao marxismo e mudaria seu nome para Joseph Vissarionovich Stalin. Tornou-se mais conhecido por estimular a literatura, fornecendo material para que Solzhenitsyn escrevesse O Arquipélago Gulag.
4. Outro famoso genocida também era um bom poeta: Radovan Karadžić, um dos responsáveis, ao lado de Slobodan Milosevič, dos massacres de bósnios nos anos 1990. Escreveu uma série de poemas, muitos dos quais publicados enquanto ele estava escondido. Em 2008 acabou sendo preso e está sendo julgado em Haia. Não existem previsões para a continuidade de sua carreira literária.
5. Benito Mussolini não só era um grande apreciador da literatura, como também publicou uma série de contos, ensaios e até mesmo uma novela. Sua obra completa consiste de 35 volumes. Cesare Pavese foi perseguido por Mussolini. Apesar de ter escrito um poema denominado ‘Trabalhar Cansa’, Pavese nunca foi preso por vadiagem. Mussolini sim.
6. Por outro lado, o tanto o Marechal Artur da Costa e Silva quanto o Imperador Haile Selassié orgulhavam-se de não lerem livros. Costa e Silva orgulhava-se de ler apenas palavras cruzadas. Selassié, uma vez destituído, tornou-se leitor contumaz.
7. Pol Pot foi ferrenho opositor de tudo que parecia ligeiramente intelectual, tendo ordenado que todos que tivessem algum estudo- ou mesmo que simplesmente usassem óculos- fossem mortos. Os óculos, aparentemente, eram marca de uma elite intelectual. Ele usava óculos e estudara literatura francesa em Paris.
8. José Sarney não apenas é membro da Academia Brasileira de Letras, mas também foi um dos responsáveis- ao lado de Bandeira Tribuzi e Ferreira Gullar- por iniciar o pós-modernismo no Maranhão. Atualmente ele é o membro mais antigo da ABL, ocupando a cadeira de número 38, cujo patrono é Tobias Barreto, fundador do condoreirismo brasileiro.
9. Lorde Byron morreu enquanto lutava na Guerra de Independência da Grécia contra o império Otomano, vítima provável de uma sepse. Devido às grandes quantias que havia gasto para fortalecer as tropas rebeldes gregas, alguns acreditam que se tivesse sobrevivido poderia ter sido coroado como rei da Grécia. Antes disso havia sido um dos poucos parlamentares britânicos a apoiar os Luditas- movimento de operários que destruíam máquinas. Também escreveu poemas.
10. Richard Nixon, autor do best-seller Seis Crises, era um notório anti-comunista que, mais tarde, tornaria-se presidente dos Estados Unidos da América. Um dos mais famosos fãs de seu livro chamava-se Mao Zedong, também conhecido como Mao Tsé-Tung. Hoje em dia, porém, o texto mais famoso de Nixon é seu discurso de renúncia- único na história de seu país.
11. Mao, aliás, tinha um currículo invejável, tendo sido poeta, filósofo, intelectual, visionário e governante máximo da China durante 33 anos. Uma das pessoas mais influentes do século XX, Mao acreditava que fazer sexo prolongava a vida, não gostava de banhos e não escovava os dentes- afinal os tigres também não os escovavam. Seus poemas ainda são bastante populares, e suas teorias inspiraram inúmeras guerrilhas mundo afora.
DISCUTA O POST NO FÓRUM DO MEIA-PALAVRA
Interessantíssima seleção.
A enumeração me lembrou muito o estilo de algum escritor, que, por mais contraditório que possa parecer, não consigo dizer exatamente o nome.
Muito bom o texto.