Teorias conspiratórias são uma constante no universo da ficção (e, por vezes, na vida real também): quantas vezes não se aventa a hipótese de que o livre-arbítrio seja uma mentira e que nossas vidas são governadas por poderes e organizações secretas?

Na HQ A Mão Invisível, com roteiro de Terry Laban, desenhos de Ilya e arte final de AndreParks, publicada pela Vertigo – linha da DC Comics e traduzida por Paulo Mancini – a problemática é exatamente essa. Um grupo de multimilionários (que empresta seu nome ao quadrinho; nome, aliás, que deriva do termo cunhado por Adam Smith em A Economia das Nações) é quem está por trás de tudo, controlando o mundo e a vida de seus habitantes através da economia.

Nada disso é lá muito original, verdade. Mas as coisas começam a tornar-se interessantes nas especificidades: o protagonista, Mike Webb, é um estudante de economia norte-americano de raízes na Europa Oriental. Fala cinco línguas e tem um currículo excelente. Acredita piamente no livre comércio. Tudo isso se combina para garantir-lhe, em suas próprias palavras, um excelente futuro.

Acontece que os caminhos de Mike e d’A Mão Invisível se cruzam, e a partir daí a vida dele muda de maneira irreversível. Não é que eles queiram eliminá-lo, mas justamente o contrário – ele é herdeiro de um falecido membro do grupo e tem o direito de tornar-se um de seus integrantes.

Chocado, o rapaz contamina-se com um idealismo obstinado e decide lutar contra o grupo. Isso o leva até a Rússia, recém-liberta do julgo soviético, passando no caminho por uma Praga já extremamente ocidentalizada e pela Iugoslávia em guerra (são meados dos anos 1990).

O fato de a história ser curta impede que alguns aspectos sejam explorados em profundidade. Ainda assim consegue ser bastante boa e fugir ao clichê – apesar do tema ser lugar-comum.

A arte (ao meu olhar leigo, meramente diletante) não me parece ser nada de extraordinária, mas é muito bem feita, com cores e traços bastante expressivos.