Michel Laub (fonte: Folha de São Paulo)

Michel Laub nasceu em Porto Alegre, em 1973. Escritor e jornalista, foi editor-chefe da revista Bravo e coordenador de publicações e internet do Instituto Moreira Salles. Hoje é professor de criação literária e colaborador de diversas editoras e veículos (Companhia das Letras, Cosac Naify, Trip, Revista 18, IMS, Bravo!, Contigo, Folha de S. Paulo). Publicou cinco romances, todos pela Companhia das Letras: Música Anterior (2001); Longe da água (2004), lançado também na Argentina; O segundo tempo (2006), O gato diz adeus (2009) e Diário da queda (2011), que sairá na Alemanha, Espanha, França e Inglaterra e teve os direitos vendidos para o cinema. Recebeu os prêmios Brasília, Bravo/Bradesco e Erico Verissimo (União Brasileira dos Escritores), as bolsas Vitae, Funarte e Petrobras e foi finalista dos prêmios Jabuti, Portugal Telecom (duas vezes) e  Zaffari&Bourbon (duas vezes), entre outros. Também tem contos publicados em antologias na Itália, Galiza e Coreia. Nessa semana, Laub falou no Blog da Companhia das Letras sobre a relação entre literatura e doença, e para o Meia Palavra fez um Top 10 de livros sobre os males da saúde.

O imperador de todos os males (Siddhartha Mukherjee) – “Biografia do câncer” e também um ensaio sobre ciência, política, economia, psicologia, história, religião, comportamento, linguagem. Ou seja, tudo.

O demônio do meio dia (Andrew Solomon) – Outro livro sobre tudo, mas partindo da depressão e com um toque mais pessoal do autor: seu medo diário de que a escola onde estudou desabasse, por exemplo, ou a sensação – de madrugada e sozinho numa estrada deserta – de que era incapaz de dirigir um carro.

A menina sem estrela (Nelson Rodrigues) – Provavelmente as melhores crônicas/memórias já escritas em português. Fala de cegueira, tuberculose, gripe espanhola, úlcera e lepra, mas nenhuma doença é tão presente quanto a obsessão.

Origem (Thomas Bernhard) – Também um livro de memórias, também com tuberculose e linguagem obsessiva. Ponto alto: trecho em que o autor repete umas cem vezes em 5 páginas a expressão “direção contrária”.

A montanha mágica (Thomas Mann) – A Europa, as guerras, deus, o tempo, o ser e o nada discutidos incessantemente num sanatório de Davos, Suíça, por pacientes com febre baixa nos fins de tarde.

A doença como metáfora (Susan Sontag) – Ensaio e depoimento pessoal sobre os simbolismos e crenças em torno dos que, na “dupla cidadania” entre “reino dos sãos” e “reino dos doentes”, passam a utilizar o “passaporte ruim”.

O olhar de Max (Louis Begley) – Romance sobre aids em que, salvo engano, a palavra aids não é usada nenhuma vez. O que combina com a sutileza deste escritor subestimado, talvez o melhor retratista dos ricos americanos do fim do Século 20.

Electroboy (Andy Behrman) – Relato sobre mania, choques elétricos, falsificação de quadros e viagens Nova York-Tóquio-Nova York só para sentir a “diferença de temperatura”.

Patrimônio (Philip Roth) – Um pai morrendo, um filho neurótico, uma orquestra ruim se apresentando num asilo e um romance pornográfico que se passa durante o Holocausto, tudo culminando na maior cena com fezes da literatura.

Febre de bola (Nick Hornby) – Sobre os jogos do Arsenal, o estádio do Arsenal, a torcida do Arsenal e um narrador que “durante quase todos os momentos da vida” se comporta como “um completo débil mental”.