Alguns anos atrás, o cinema argentino era um dos mais ativos e fortes do mundo. Suas produções tinham vitalidade e uma despretensão que levou ao seu sucesso: os argentinos não almejavam ser hollywood, mas contar boas histórias em filmes simples e baratos, fazer o que era possível dentro das dificuldades de produção do país. O sucesso acabou cristalizando alguns formatos e autores, mas essa Mostra traz diversos exemplares de um cinema mais jovem, que novamente traz a graça dos melhores filmes argentinos.

Ciências Naturais – No meio do nada, no norte da Argentina, Lila é uma garota que vive com  a mãe e frequenta um colégio interno. Ela é obcecada com a ideia de encontrar o pai, que desapareceu assim que soube que sua mãe estava grávida.

O filme é curto, o roteiro é quase nada: a garota e sua professora dirigem pelas montanhas da região seguindo o fio de pista que possuem. Mas a pequena atriz é simpática e cativante e a atuação da professora é calorosa, profunda em sua quietude. É um filme onde a trama se constroi devagar, implicitamente. Jimena, a professora, nunca conta sua história, Lila e o pai nunca têm arroubos de emoção. Mas de alguma forma tudo acontece. Prêmio da juventude no festival de Berlim, Ciências Naturais é um belo exemplo de como muitas vezes o cinema precisa de tão pouco.