Prêmios são coisas estranhas de entender, na maior parte das vezes, ganha menos o “melhor filme” e mais aquele que por algum motivo vai de acordo com a agenda, o perfil, ou o júri específico daquele ano do festival. A Mostra é sempre a boa chance de ver os premiados do mundo todo e tentar entender por que raios eles ganharam.

Azul e Não Tão Rosa – O melhor filme ibero-americano nos Goya ganhou de A Jaula de Ouro e Gloria. É pior do que ambos. Tem um bom roteiro, mas soluções clichês, atuações duvidosas, uma fotografia feia e produção terrível. Não é propriamente ruim, mas a má execução mata o que poderia ser um filme sobre temas poderosos: homofobia, relacionamentos abusivos e a necessidade de respeito à diversidade.

Curiosamente, Pelo Malo, o outro filme venezuelano que chegou por aqui esse ano, também fala de homofobia e também perde uma boa ideia na má execução.

Um Pombo Pousou em um Galho e Refletiu Sobre a Existência – Ninguém reflete sobre a existência como suecos e nenhum festival pende para o experimental como o de Veneza. O Leão de Ouro desse ano é visualmente impactante, irônico, amargo, complexo e belo. De uma melancolia que só a Escandinávia pode trazer, ele escapa às formas tradicionais sem cair em um formalismo hermético.